São Paulo - Deputados estaduais, dirigentes partidários e membros do governo costumam negar que sejam feitas indicações políticas para cargos comissionados que deveriam ser ocupados por técnicos. Na semana passada, porém, o assunto veio à tona de maneira inusitada. Irritados com a demora na liberação de recursos do orçamento estadual provenientes de emendas feitas por parlamentares para obras em suas bases eleitorais, deputados da base de Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa ameaçaram fazer uma rebelião contra o governo.
Entre os mais exaltados, o deputado Rafael Silva, do PDT - partido que integra a base de Alckmin -, acusou o Palácio dos Bandeirantes de usar cargos em troca de apoio. “Os deputados estão irritados, mas têm medo de bater de frente porque têm cargos no governo. Quem tem cargo, perde a independência”, disse o pedetista.
‘Moeda de troca’
Especialista em gestão pública, o sociólogo Aldo Fornazieri, diretor da Escola de Sociologia de São Paulo, contesta a afirmação do governo. “O governo usa cargos comissionados para consolidar sua base de apoio na Assembleia. Deputados apoiam o governo e, em troca, recebem uma quantidade de cargos comissionados”. Ele diz que a prática é recorrente nas três esferas da federação , o que acaba “boicotando” o desenvolvimento da carreira profissional dos comissionados”.