Selhorst disse que o País “vive o começo de um movimento nesse sentido, da tolerância zero com as condutas ilícitas”. Em maio de 2013, a Siemens fez acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo federal, que possibilitou a descoberta da ação do cartel metroferroviário em São Paulo e no Distrito Federal, entre 1998 e 2008. Selhorst disse que a multinacional alemã não tomou a medida “por ingenuidade”.
“A Siemens hoje, apesar de ter um legado de um passado que a gente não se orgulha, entende que a sociedade não está mais disposta a tolerar irregularidades”, afirmou o vice jurídico da gigante alemã. “Os milhares de funcionários da Siemens hoje estão pagando pela ação de pouquíssimos indivíduos, um punhado de indivíduos que não agiram de forma ética. Por isso procuramos as autoridades. A Siemens não é uma padaria, é uma empresa com meio milhão de funcionários no mundo.” Selhorst falou para uma plateia formada eminentemente por advogados e executivos de compliances durante o Fórum de Departamentos Jurídicos promovido pela Gestão Jurídica Empresarial (Gejur).
Esqueleto
O executivo da Siemens não abordou especificamente o escândalo que abalou a empresa em praticamente todo o mundo.
Selhorst disse que, diante da tolerância cada vez menor da sociedade às práticas ilícitas, as empresas podem escolher um caminho, mas advertiu. “Se você varre para debaixo do tapete (condutas ilícitas) ou se você fecha esse armário com o esqueleto dentro e joga no Rio Tietê, esse armário pode um dia voltar à superfície. Ele vai aparecer num momento futuro, quando a tolerância, como a gente espera, a qualquer prática ilícita, vai ser muito menor do que é hoje.”
O engenheiro Wagner Giovanini, diretor de Compliance da Siemens Brasil, alertou. “A qualquer momento nós podemos imaginar que tem alguém fazendo alguma estupidez dentro da nossa organização. Mesmo com treinamento, com cartilhas, pode ter gente fazendo alguma coisa errada.” .