Cardozo ponderou que não tinha intenção de influenciar a decisão do Ministério Público de focar em Dilma, mas de “esclarecer” à “opinião pública” que os parlamentares omitem o fato de a compra da refinaria ter sido tomada numa decisão “solidária” do Conselho de Administração da Petrobrás e não apenas por Dilma, que comandava o órgão no período em que o negócio foi feito, em 2006. “É uma tentativa clara de fazer uma cirurgia para focar a investigação na presidente, retirando a responsabilidade do conselho.”
Cardozo reclamou que os senadores não deram detalhes da compra na representação, como o fato de que parte dos recursos (US$ 170 milhões) foi para adquirir estoque da refinaria em Pasadena. Ele negou que será um dos “rebatedores” da República daqui para frente”. “Não sou um rebatedor, mas um esclarecedor geral dos fatos”, afirmou.
A entrevista de Cardozo seguiu uma orientação do Planalto a ministros do governo e parlamentares aliados. A ordem é argumentar que não há fato novo para ser levado a investigações em outras instâncias. Não haveria novidade nem mesmo na prisão do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto da Costa, detido na operação Lava Jato com mais de R$ 1 milhão em espécie guardado em casa.
A estratégia governista é colocar a diretora da Petrobras, Graça Foster, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, absolutamente à disposição do Congresso para esclarecimentos, mostrando que não serão necessárias convocações obrigatórias da CPI.
Senadores da base e da oposição também entraram com uma representação contra Dilma na Procuradoria-Geral da República (PGR).