Brasília - Numa estratégia do governo de evitar uma CPI para apurar a compra da refinaria Pasadena pela Petrobras, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reclamou nessa terça-feira que senadores criaram um “factóide eleitoral’ ao pedir à Procuradoria-Geral da República para investigar a participação da presidente Dilma Rousseff no negócio. Em uma entrevista no começo da noite, ele afirmou que a representação apresentada por um grupo de parlamentares apresenta incorreções. “Há uma tentativa de politizar a investigação ao focar na presidente”, disse.
Cardozo reclamou que os senadores não deram detalhes da compra na representação, como o fato de que parte dos recursos (US$ 170 milhões) foi para adquirir estoque da refinaria em Pasadena. Ele negou que será um dos “rebatedores” da República daqui para frente”. “Não sou um rebatedor, mas um esclarecedor geral dos fatos”, afirmou.
A entrevista de Cardozo seguiu uma orientação do Planalto a ministros do governo e parlamentares aliados. A ordem é argumentar que não há fato novo para ser levado a investigações em outras instâncias. Não haveria novidade nem mesmo na prisão do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto da Costa, detido na operação Lava Jato com mais de R$ 1 milhão em espécie guardado em casa.
A estratégia governista é colocar a diretora da Petrobras, Graça Foster, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, absolutamente à disposição do Congresso para esclarecimentos, mostrando que não serão necessárias convocações obrigatórias da CPI.
Senadores da base e da oposição também entraram com uma representação contra Dilma na Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles pedem que o procurador-geral, Rodrigo Janot, investigue a compra, pela Petrobras, de uma refinaria em Pasadena, Texas (EUA). No requerimento apresentado, os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Ana Amélia (PP-RS) citam trechos da reportagem do Estado e alegam que a operação resultou em um prejuízo de R$ 1 bilhão.