“Essa decisão tomada por parlamentares da base aliada e da oposição é um momento que deve ser saudado como um resgate dessa Casa daquela que deveriam ser sempre uma das nossas prerrogativas, a defesa do interesse público”, afirmou o pré-candidato do PSDB, em discurso no plenário. Aécio Neves disse que não falta “coragem” dos parlamentares para se realizar uma CPI. “Não podemos aceitar essa covarde terceirização de responsabilidades”, criticou.
O tucano disse que as investigações serão conduzidas com “serenidade” e “responsabilidade” na hora de ouvir depoentes que participaram da “perversa” operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), e outros casos que envolvem a estatal. “Eu lamento muito, mas espero que este Senado não vire instrumento de disputa eleitoral”, afirmou a senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffman (PT-PR).
A proposta de se fazer uma CPI sobre a estatal ganhou força depois que o jornal O Estado de S. Paulo revelou, na semana passada, que a presidente Dilma Rousseff, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da compra de parte da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), com base em um resumo juridicamente “falho”. Dois anos atrás, a estatal concluiu a compra da refinaria e pagou ao todo US$ 1,18 bilhão por Pasadena, que, sete anos antes, havia sido negociada por US$ 42,5 milhões à ex-sócia belga.
A estratégia da oposição é apresentar um pedido de CPI no Senado e ao mesmo tempo continuar a colheita de assinaturas para realizar uma CPI mista (composta por deputados e senadores). Na Câmara, até o momento, conseguiram 143 assinaturas, sendo que o mínimo na Casa é de 171 nomes.
Na Câmara, após o oposicionista PSDB, com 35 apoios, o PMDB, com 28 assinaturas, e o PSB, com 21 nomes, são os dois principais partidos da base aliada que estão apoiando a criação da CPI mista. Nos bastidores, o chamado blocão, grupo de partidos da base aliada descontentes com o tratamento do governo, iria esperar a coleta de assinaturas no Senado para se mobilizar na Câmara..