Brasília, 28 - A oposição vai pedir que a Comissão de Ética da Presidência da República abra um processo para apurar a conduta dos ministros que receberam da Petrobras convites para acompanhar o GP de Fórmula 1, em novembro do ano passado, em um camarote VIP da empresa, que serviria para aumentar o relacionamento com grandes clientes corporativos.
O jornal
O Estado de S. Paulo
revelou nesta sexta-feira que a estatal entregou as credenciais que dão direito à vista privilegiada da pista do Autódromo de Interlagos, além de acesso aos boxes das escuderias, hospedagem em hotel cinco estrelas e buffet de bebidas e comidas durante o GP para ministros e parentes.
Entre os beneficiários estão o genro da presidente Dilma Rousseff, Rafael Covolo; dois filhos do ministro da Fazenda, Guido Mantega; e a irmã, o cunhado e a sobrinha da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, além de parlamentares da base aliada e seus familiares. "Isso não pode acontecer de forma alguma. A Petrobras é uma empresa de economia mista, mas o principal acionista é a União. Queremos acabar com o deslumbramento do PT em usar a estrutura do governo como coisa particular do partido. A maior empresa do País é de interesse público", afirmou Rubens Bueno (PR), líder do PPS.
Ele afirmou que a oposição também vai fazer um requerimento de informação ao ministro de Energia, Edison Lobão, sobre quais pessoas foram beneficiadas com esse tipo de cortesia nos eventos patrocinados pela Petrobras, incluindo a Fórmula 1, desde 2003.
Autoridades públicas podem aceitar convites para assistir a shows artísticos ou evento esportivo sem ônus, desde que seja por razão institucional - quando o exercício da função recomendar a presença - ou quando o convite não ultrapassar o limite de R$ 100, de acordo com o Código de Conduta da Alta Administração Federal. Estima-se que o custo unitário dos convites oferecidos pela Petrobras chegue a R$ 12 mil - o ingresso mais caro vendido ao público no GP do ano passado, com benefícios semelhantes, valia R$ 11.200.
Rubens Bueno disse que a conduta da presidente tem que ser investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Rafael Covolo, genro da presidente, compareceu ao GP em 2013, a convite da Petrobras, desacompanhado de Paula Rousseff. Em nota ao
Estado
, a presidente informou que não sabia do convite. "Se tivesse sido (consultada), teria dito para ele não comparecer. Isso porque, embora não exista irregularidade, não vale o incômodo." Covolo trabalha no escritório de advocacia do ex-marido de Dilma, Carlos Araújo, com atuação voltada para a área trabalhista.