O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), prometeu ao comando do partido em Minas Gerais revelar amanhã se quer ou não ser candidato ao governo de Minas Gerais. “Foi o prazo que nos pediu”, afirmou o presidente da legenda no estado, o deputado federal Júlio Delgado. Em viagem ao Canadá para participar de encontro do setor ambiental – a uma semana do prazo de desincompatilização para quem pretende concorrer nas eleições de outubro –, Lacerda deixou três encarregados das últimas articulações para a tentativa de lançá-lo na disputa: o presidente municipal do PSB, João Marcos Grossi, o vereador Daniel Nepomuceno e o secretário municipal de Relações Institucionais, Marcelo Ab-Saber.
Lacerda nunca assumiu publicamente o desejo de ser candidato ao Palácio da Liberdade. Ao mesmo tempo, sempre buscou espaço para se viabilizar na disputa. A estratégia do prefeito, hoje, é tentar substituir Pimenta da Veiga (PSDB) na briga pelo governo. Nos últimos dias, João Marcos, Nepomuceno e Ab-Saber vêm tentando convencer setores de partidos que devem fechar aliança com os tucanos a pressionar pela troca do candidato. Para isso, apresentam pesquisas internas com números que seriam favoráveis a Lacerda.
Segundo um interlocutor dos tucanos, a estratégia não teria sido bem recebida pelos aliados do PSDB. “Não há mais tempo para mudanças”, argumentou.
Em fevereiro, reunião da cúpula nacional do PSB em Brasília decidiu pelo mesmo posicionamento adotado pelo presidente estadual do partido em Minas. Há cerca de duas semanas, no entanto, Lacerda decidiu não participar de encontro nacional no Rio de Janeiro, e fez questão de informar ao comando do partido que não estava satisfeito com o comportamento da legenda em Minas em relação à sua candidatura. Apesar de tantas declarações de apoio, na visão do prefeito de BH estaria faltando empenho real nas articulações para sua candidatura.
PALAVRA FINAL
A decisão de lançar nome próprio para a disputa deverá passar pelo presidente nacional da legenda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato do partido ao Palácio do Planalto. Um palanque próprio em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, é o cenário ideal para qualquer candidato na sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT). No entanto, Campos vem mantendo bom relacionamento com outro candidato ao Palácio do Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB), responsável pela escolha de Pimenta da Veiga como candidato do partido ao governo de Minas. Os tucanos chegaram a indicar nomes para cargos no governo de Pernambuco.
Lacerda, que foi apoiado por Aécio Neves (PSDB) em suas duas candidaturas à Prefeitura de Belo Horizonte, já não tem mais o apreço do senador. O parlamentar teria ficado irritado com o prefeito durante a formação seu segundo governo, em 2012, quando ele se negou a dar cargos, a maior parte no setor de obras, a indicados do tucano. “No lugar de Pimenta não há qualquer chance de o prefeito entrar. Pode esquecer”, diz um vereador aliado dos tucanos, que também participa das articulações para as eleições de outubro.
.