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Estado de Minas

PT reaproxima de PMDB para tentar driblar CPI

Depois das recentes brigas com o PMDB, o PT quer remendar a aliança para obter apoio no Congresso e garantir o controle da comissão parlamentar que investigará a Petrobras


postado em 30/03/2014 06:00 / atualizado em 30/03/2014 08:58

 

Brasília – A iminência da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a compra de refinaria nos Estados Unidos pela Petrobras levou o Palácio do Planalto e o comando da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff a começar um processo de reaproximação com o PMDB, após semanas de uma intensa disputa política com o principal aliado. O objetivo é consolidar apoio no Congresso Nacional que ajude a blindar Dilma durante a investigação da estatal. Em troca, o PT cede espaços na elaboração dos palanques regionais. O primeiro caso a ser revisto foi justamente onde as negociações estavam mais complicadas: Ceará.

No estado, a crise na Petrobras pôs fim à disputa de meses entre os irmãos Cid e Ciro Gomes e o senador Eunício Oliveira (PMDB), que reivindicava o direito de disputar o governo. Eunício, que chegou a ser convidado para assumir o Ministério da Integração Nacional para abrir caminho para os irmãos Gomes, rejeitou a oferta feita por Dilma e afirmou que só aceitaria a candidatura ao governo. Passou, desde então, a frequentar todas as reuniões de grupos dissidentes. Mas os problemas na estatal aceleraram a solução. Com o aval da presidente, ele será o candidato da base. Aos irmãos Gomes restou o lançamento de Ciro ao Senado, numa disputa com seu ex-padrinho Tasso Jereissati (PSDB), apontado pelas pesquisas de opinião como favorito à única cadeira em jogo.

A entrada de Ciro na corrida para o Senado sacrificou o deputado José Guimarães, ex-líder do PT na Câmara e vice-presidente do partido. A crise na Petrobras também deverá empurrar o PT do Maranhão para uma aliança com o senador José Sarney (PMDB-AP) e com a governadora Roseana Sarney (PMDB). Até agora, uma forte ala do PT insistia em romper com os Sarney e apoiar Flávio Dino, do PCdoB. Mas, por causa da CPI da Petrobras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente fechou o acordo para que os petistas desistam de Dino. Com isso, o PSB do governador Eduardo Campos formalizará uma aliança com o maior adversário de Sarney, lançando ao Senado o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha.

Na Paraíba, a ordem é levar o PT para o PMDB do senador Vital do Rêgo. Escolhido em setembro ministro da Integração pelos senadores peemedebistas, Vital do Rêgo nunca chegou a ser convidado por Dilma para a função. No auge da crise com o PMDB, há cerca de um mês, ela ofereceu a ele o Ministério do Turismo. O senador não aceitou. Na coleta das assinaturas para a criação da CPI da Petrobras, ele disse que não daria seu apoio por pertencer à base do governo. Dilma decidiu que o PT deverá apoiar o candidato Veneziano do Rêgo ao governo. Ele é irmão de Vital.

CENTRO-OESTE A CPI da Petrobras deverá mudar também o quadro político em Goiás. O PT havia decidido que só se aliaria ao PMDB se o candidato fosse o ex-governador Iris Rezende. Mas o partido passa por uma disputa interna, com favoritismo de José Batista Júnior, o Júnior da Friboi. Há, neste instante, uma pressão interna do PT para que o partido desista de lançar a candidatura do prefeito de Anápolis, Antonio Gomide, e apoie o nome do PMDB, mesmo que seja Júnior da Friboi.

O Palácio do Planalto já sente os efeitos da reaproximação. A bancada do PMDB no Senado defende que o foco da investigação da CPI seja ampliado e alcance também as denúncias de formação de cartel e fraudes em licitações de trens em São Paulo e o porto de Suape. Em ambos os casos, os maiores prejudicados seriam partidos da oposição, como PSDB e PSB.

Pedras no caminho Além disso, com essa estratégia das concessões nos estados, o governo pretende reduzir os danos políticos que a CPI deverá causar. O mais certo deles é que Dilma vai atravessar sua campanha presidencial precisando administrar as denúncias contra a Petrobras e as revelações que as investigações forem produzindo. A economia do governo também pode ficar mais vulnerável, já que a maior empresa do país estará sob investigação.

Outro fator é que as condições da eleição na Bahia, o quarto maior colégio eleitoral do país, ficarão ainda mais difíceis. “O ex-presidente da Petrobras era do PT e agora está no governo do Jaques Wagner, que era do Conselho de Administração na época em que a refinaria de Pasadena foi adquirida. A crise tem a digital do PT baiano”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB), do grupo dissidente, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que pretende concorrer ao governo do estado contra o PT. “O desenrolar da CPI pode significar uma diminuição no apoio a Dilma. Se ela perder credibilidade e aprovação, até partido que recebeu ministério na reforma pode pular fora”, disse.

Como consequência, o PT da Bahia pretende se fortalecer com outros partidos da base aliada. O candidato a governador é o deputado Rui Costa, que terá na vice o deputado João Leão, do PP. Jaques Wagner desistiu de disputar o Senado para abrir espaço para mais um aliado. A vaga de senador deverá ficar com o atual vice-governador, Otto Alencar, do PSD.

Mais demissão

A Petrobras demitiu o engenheiro José Orlando Azevedo, ex-presidente da Petrobras America entre 2008 e 2012, período em que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi questionada judicialmente pela estatal. A refinaria era controlada pela subsidiária. Azevedo é primo do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, e ocupava o cargo de diretor comercial da Transportadora Associada de Gás (TAG). Azevedo estava à frente da subsidária durante o processo que resultou no pagamento de US$ 820 milhões pela Petrobras para aquisição da refinaria de Pasadena. Funcionário de carreira, ele foi indicado ao cargo pelo primo, mas foi substituído em 2012, logo após a posse da atual presidente da estatal, Graça Foster.

 


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