O senador Aécio Neves anunciou ontem, durante visita ao Rio Grande do Sul, que a oposição apresentará nesta terça-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido para que o Judiciário garanta a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O senador disse que o pedido será apresentado às 11h. “É uma vergonha a manobra do governo de tentar barrar a CPI”, disse Aécio em Porto Alegre, onde participa de encontros com militantes e lideranças gaúchas.
Na semana passada, deputados federais e senadores dos partidos que fazem oposição ao governo federal reuniram assinaturas em número que garantiria a instalação de uma CPI sobre a Petrobras, no Congresso. O pedido de uma CPI no Senado, no entanto, foi postergado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que transferiu a responsabilidade da criação à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Aécio já havia criticado a decisão de Renan: “Há uma manobra da maioria governista para impedir a investigação. Porque se prevalece a tese hoje encaminhada pelo presidente Renan Calheiros jamais o Senado, a Câmara dos Deputados ou conjuntamente, o Congresso, terá condições de investigar o que quer que seja”. Acompanhado de colegas do PSDB gaúcho, Aécio participou de um encontro com deputados na Assembleia Legislativa. Depois, concedeu uma entrevista coletiva antes de participar da abertura do 27º Fórum da Liberdade.
Perguntado se a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) pode ser vice em sua chapa, o senador disse que admira a política gaúcha. “Eu tenho pela Ana Amélia extraordinária admiração. É uma figura nova na politica brasileira. Eu acredito nas coisas naturais da política. As conversas vêm ocorrendo de forma adequada. A companhia da senadora é um privilégio e uma honra. Mas o momento que estamos vivendo é de conversas. E que avançam muito bem”, afirmou Aécio.
Desconstrução Com o objetivo de desconstruir a imagem de "gestora" da presidente Dilma Rousseff, o PSDB vai patrocinar seminário hoje para discutir a crise energética do país. Depois dos questionamentos sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, os tucanos vão investir no setor elétrico como tema para desgastar a campanha à reeleição da presidente. O senador Aécio Neves vai destacar os "apagões" que atingiram mais de 10 estados nos últimos meses, além da qualidade do serviço oferecido pelo governo à população no setor elétrico. Os tucanos elegeram o tema "crise energética" porque consideram que, como ex-ministra de Minas e Energia, Dilma não conseguiu em quatro anos de governo implementar medidas que evitem futuros racionamentos. "A presidente é uma fraude do ponto de vista de gerente. Houve uma desestruturação de uma área que era estável e tinha confiança dos investidores. Ela conseguiu desestruturar o setor elétrico", disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
CPI nas mãos de Jucá
O presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), indicou ontem o senador Romero Jucá (PMDB-RR) para ser o relator das questões de ordem que tratam sobre abrangência da CPI da Petrobras. Inicialmente, o nome escolhido foi o do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que rejeitou a missão. A discussão do assunto na CCJ está prevista para ocorrer hoje à tarde. Também hoje, comissão externa formada por nove deputados começa a investigar as denúncias de que funcionários da Petrobras teriam recebido propina da companhia holandesa SBM Offshore. O grupo, coordenado pelo deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), tem a primeira reunião de trabalho agendada para as 10h, quando deve definir cronograma, quais serão os primeiros documentos requeridos e quem será convidado para prestar esclarecimentos sobre o caso. O colegiado não tem prazo regimental para concluir os trabalhos.