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Estado de Minas

Cúpula do PT dá fôlego a Vargas

Partido forma grupo para ouvir deputado sobre denúncias de envolvimento com doleiro preso pela Polícia Federal, antes de submetê-lo ao Conselho de Ética da legenda, que pode expulsá-lo


postado em 11/04/2014 00:12 / atualizado em 11/04/2014 08:16

São Paulo – O PT instaurou ontem uma comissão formada por três dirigentes para ouvir o depoimento do deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR), que também deverá ser levado à Comissão de Ética do partido. Acusado de ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava a Jato, da Polícia Federal, Vargas se licenciou do mandato e deixou a vice-presidência da Câmara, mas frustrou a cúpula petista ao resistir e não renunciar ao mandato. Em mensagens publicadas no Twitter, ele disse que vai provar sua inocência "de cabeça erguida”.

O temor do PT e do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva é de que a crise tenha efeitos sobre o partido em pleno período eleitoral, já que, na quarta-feira, a Câmara dos Deputados abriu processo de cassação contra Vargas. Na reunião da Executiva, dirigentes do partido defenderam até o afastamento de Vargas por três meses, mas a proposta foi descartada.

A constituição de uma comissão de dirigentes para ouvi-lo foi uma solução negociada para que o caso não fosse levado diretamente à Comissão de Ética, que pode inocentá-lo, suspendê-lo ou expulsá-lo do partido. O grupo que ouvirá o depoimento de Vargas é formado pelo vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, Florisvaldo Souza e Carlos Árabe, integrantes da Executiva Nacional. Não foi definida ainda data da audiência, segundo o presidente do partido, Rui Falcão.

O presidente do PT afirmou que a comissão quer ouvir explicações de Vargas sobre fatos divulgados pela imprensa, como um empréstimo do jato particular do doleiro para uma viagem do deputado com a família. “São fatos noticiados que, por si só, não incriminam ninguém”, disse Falcão.

Embora pressione Vargas a renunciar ao mandato, os petistas tentaram uma manobra para atrasar o processo contra ele por quebra de decoro parlamentar na Conselho de Ética da Câmara. Mas não obtiveram sucesso. Ontem, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que indeferiu questão de ordem apresentada pelo deputado Zé Geraldo (PT-PA) contra a decisão do Conselho de processar o ex-vice-presidente da Câmara. O paraense argumentava que o caso caberia à Corregedoria da Casa. Se a questão de ordem tivesse sido aceita, caberia a essa instância verificar as denúncias contra Vargas e só depois, caso considerasse cabível, pedir a abertura do processo no colegiado.

O relator do processo no colegiado, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse ontem que fará o possível para acelerá-lo. Os conselheiros têm 90 dias para apresentar o parecer sobre o caso. Em julho, a Câmara entra em recesso, e depois, os trabalhos serão prejudicados pelo ano eleitoral. O Conselho vai investigar as relações do deputado com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro. Vargas afirma que não cometeu nenhum ato ilícito.

Eleição Alves informou também que a eleição do 1º vice-presidente da Casa será realizada na última semana deste mês. Pela proporcionalidade das bancadas na Câmara a vice-presidência da Casa cabe a um deputado do PT. Ontem, o líder do partido na Casa, deputado Vicentinho (SP) afirmou que ainda reunirá a bancada para encontrar um nome de consenso.

O PT divulgou ainda uma nota de apoio à Petrobras, na qual afirma que a estatal "está sendo atacada pelos mesmos que, no passado, chegaram a mudar seu nome para Petrobrax e tentaram privatizá-la". O partido considerou as denúncias uma ofensiva da oposição, para "fazer prevalecer interesses privados".

Todas as fichas no STF

São Paulo – Um dia depois de o governo conseguir a primeira vitória no Congresso na discussão sobre a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o pré-candidato do PSBD ao Palácio do Planalto, senador Aécio Neves, fez críticas à postura do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e disse que agora aposta no Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o foco das investigações. Ele afirmou que o peemedebista, para atender a interesses do governo, deixou uma das "páginas mais tristes" da biografia do Casa. “Essa decisão do Renan é equivocada. É uma nódoa que ele deixa na sua história pessoal e na do Senado”, disse Aécio. O tucano defendeu que o PSDB participe da CPI independentemente dos temas abrangidos.

Renan usou um parecer do ex-ministro do STF Paulo Brossard para abrir brecha para incluir na CPI proposta pela oposição outros dois temas – o cartel de trens em São Paulo e o Porto de Suape, em Pernambuco –, que atingem os partidos dos adversários eleitorais da presidente Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB), respectivamente. Ontem, ele defendeu sua posição: “E qual seria a decisão? A CPI que investiga, mas investiga pela metade, restringe, deixa fatos sem investigar? Ou a CPI que investiga tudo? Se é importante dar essa resposta, que se investigue tudo.”

A presidente da Petrobras, Graça Foster, vai ao Senado na terça-feira para explicar as denúncias que envolvem a estatal. Ela vai participar de audiência  conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). A intenção do governo com a presença dela no Congresso é esvaziar a criação da CPI. De acordo com o presidente da CAE, Lindbergh Farias (PT-RJ), a decisão foi tomada pela própria presidente.


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