Uma rápida checagem nas páginas dos parlamentares mostra que a suposta gráfica continua fazendo bons negócios em 2014. Carlos Bezerra, por exemplo, já realizou dois pagamentos de R$ 20 mil à gráfica, nos meses de janeiro e fevereiro. A empresa está registrada em nome de Edvaldo Francisco de Oliveira e teria, como atividade principal, o comércio varejista de materiais de escritório. Segundo ele, a ausência de uma loja ou do maquinário de impressão se deve ao modelo de negócios adotado. “Eu trabalho com material de escritório. Eu passo nos gabinetes oferecendo, o pessoal pede, eu compro e levo para eles. Já a parte de gráfica a gente terceiriza os trabalhos para os gabinetes”, afirmou ele.
O gabinete do deputado Padre João confirmou ter comprado material de papelaria com a empresa de Edvaldo, mas não quis detalhar os gastos. Carlos Bezerra não foi encontrado para comentar a reportagem. Comentando a matéria de ontem, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que cobrará providências da Mesa Diretora da Câmara. “Vamos cobrar da Mesa que tome providências no sentido de investigar o caso e também de editar uma norma proibindo a contratação de empresas de ex-assessores”, disse o parlamentar carioca. No ano passado, ele propôs a criação de normas para o aluguel de veículos com o “cotão”. Para ele, o caso mostrado pelo EM é “revelador do persistente pântano em que alguns insistem em jogar esse chamado ‘cotão’”, avaliou.