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Estado de Minas

Suposta gráfica fatura em 2013 cerca de R$ 565 mil do "cotão" de deputados federais

Os repasses vieram de dezenas de parlamentares, sendo que 11 deles fizeram pagamentos de mais de R$ 3 mil


postado em 12/04/2014 06:00 / atualizado em 12/04/2014 07:16

A ausência de estoques, bobinas e impressoras não impediu a Gráfica & Papelaria BSB de ser a empresa favorita do segmento entre os deputados federais em 2013. Sediada em uma casa em Ceilândia, próximo a Brasília, a empresa faturou cerca de R$ 565 mil do “cotão” no ano passado, segundo os dados abertos da Câmara dos Deputados. Os repasses vieram de dezenas de parlamentares, sendo que 11 deles fizeram pagamentos de mais de R$ 3 mil. Dois parlamentares gastaram mais de R$ 200 mil ao longo de 2013: Padre João (PT-MG), com R$ 224 mil, e Carlos Bezerra (PMDB-MT), com R$ 205 mil. A empresa aparece em 12º lugar entre as 2.225 empresas que receberam recursos do “cotão” em 2013. Os rendimentos da Gráfica & Papelaria BSB estão longe de ser um caso isolado. Há o caso das empresas do Grupo Cracia, pertencentes a ex-assessora do deputado e pastor Silas Câmara (PSD-AM). Mesmo sem dispor de funcionários fixos ou infraestrutura condizente, as empresas levaram R$ 1,2 milhão do “cotão”.

Uma rápida checagem nas páginas dos parlamentares mostra que a suposta gráfica continua fazendo bons negócios em 2014. Carlos Bezerra, por exemplo, já realizou dois pagamentos de R$ 20 mil à gráfica, nos meses de janeiro e fevereiro. A empresa está registrada em nome de Edvaldo Francisco de Oliveira e teria, como atividade principal, o comércio varejista de materiais de escritório. Segundo ele, a ausência de uma loja ou do maquinário de impressão se deve ao modelo de negócios adotado. “Eu trabalho com material de escritório. Eu passo nos gabinetes oferecendo, o pessoal pede, eu compro e levo para eles. Já a parte de gráfica a gente terceiriza os trabalhos para os gabinetes”, afirmou ele.

O gabinete do deputado Padre João confirmou ter comprado material de papelaria com a empresa de Edvaldo, mas não quis detalhar os gastos. Carlos Bezerra não foi encontrado para comentar a reportagem. Comentando a matéria de ontem, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que cobrará providências da Mesa Diretora da Câmara. “Vamos cobrar da Mesa que tome providências no sentido de investigar o caso e também de editar uma norma proibindo a contratação de empresas de ex-assessores”, disse o parlamentar carioca. No ano passado, ele propôs a criação de normas para o aluguel de veículos com o “cotão”. Para ele, o caso mostrado pelo EM é “revelador do persistente pântano em que alguns insistem em jogar esse chamado ‘cotão’”, avaliou. “Essas verbas são necessárias para o bom exercício dos mandatos, mas muitas vezes acabam usados de forma indevida, pouco transparente, ou em benefício dos próprios parlamentares. É um problema que persiste”, lamentou o deputado socialista.


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