O que era uma disputa discreta entre grupos do PMDB que defendem posições divergentes para o posicionamento da legenda nas eleições ao governo de Minas, virou uma batalha sem precedentes. O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), que afirma representar “aqueles que defendem candidatura própria” ao governo, reuniu na tarde dessa sexta-feira um grupo ligado ao partido para defender o afastamento do presidente estadual da legenda, Antônio Andrade. “Ele está, de forma unilateral, conduzindo o PMDB para uma coligação com o PT, sabendo que a decisão de coligação com o partido será tomada em convenção, em junho”, disse.
Leonardo Quintão, que é presidente municipal do PMDB, também acusou Antônio Andrade de ter feito uma intervenção “sumária” no diretório municipal para afastá-lo. “Esse ato do presidente estadual do PMDB visa a eliminar delegados contrários à sua tese de coligação com o PT. Haverá intervenção em outros diretórios”, afirmou Leonardo Quintão. Ele insistiu na tese de que a decisão do que o PMDB fará nesta eleição deverá ocorrer na convenção da legenda, em junho. “Fizemos uma pesquisa com os 680 delegados e obtivemos 86% de apoio à candidatura própria.
Antônio Andrade, que foi ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, salientou ontem pela manhã que em um mês o PMDB convergirá para a proposta de coligação com o PT. À tarde, entretanto, ele não foi encontrado para se pronunciar sobre as declarações de Leonardo Quintão. Aliados de Andrade negaram ter havido uma “intervenção unilateral” no diretório municipal do PMDB com o afastamento de Quintão da presidência. Segundo eles, foi dado um prazo para a sua defesa, uma vez que o processo de intervenção estaria em curso, a partir de denúncias de irregularidades que teriam ocorrido na eleição do diretório municipal.
O racha no PMDB teve início no ano passado e tende a se aprofundar nas próximas semanas. São três correntes: a da candidatura própria, encabeçada pelo senador Clésio Andrade (PMDB); a da coligação com o PSDB, que, nos bastidores, é defendida por Leonardo Quintão; e a da aliança com o PT, que tem à frente Antônio Andrade e o apoio da bancada estadual. Com a calculadora na mão, os parlamentares avaliam que a coligação entre PT e PMDB os beneficiaria, facilitando a sua reeleição. “Se tivermos candidatura própria, elegeremos três deputados federais e cinco estaduais, porque o PMDB não teria com quem se coligar. Se compusermos com o PT, serão eleitos sete deputados federais e 10 estaduais, aumentando as bancadas hoje, que são de seis federais e oito estaduais”, insistiu Andrade.
Sem convenção O presidente estadual do PMDB disse, ontem, trabalhar para não haver convenção no PMDB. “Tudo nos leva a crer que vamos compor com o PT. A bancada estadual toda apoia.
Na terceira vertente, o senador Clésio Andrade reafirmou ontem a intenção de ser indicado pelo partido para disputar o governo. “Na convenção vencerá a candidatura própria”, disse. Ironizando a disposição de Antônio Andrade de definir a posição do partido evitando a convenção, Clésio afirmou: “Só se ele desistir de ser o vice na chapa do Pimentel. Nesse caso não será necessária uma convenção.” Para o senador, a dificuldade de o PMDB neste momento encontrar legendas para coligação é responsabilidade de Antônio Andrade. “Ele é o presidente e não está construindo as alternativas”, afirmou.
Vamos à convenção ouvir as bases. Não é normal um presidente levar o partido para uma posição política porque será o candidato
Leonardo Quintão, deputado federal e presidente municipal do PMDB
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