Ao falar sobre o caso, o general faz referência somente às afirmações de FHC. Embora lembre que o ex-ministro de Lula também falou do assunto, não se refere a Franklin na sua resposta. "Com o devido respeito ao ilustre ex-presidente, discordo. Com base em 50 anos de vivência na instituição, creio que esse pedido de desculpas, por parte do Exército, não virá. E, se vier, aquele que o fizer será considerado leviano, e será, inexoravelmente, marcado como um traidor, à semelhança de Calabar", disse o general à Agência Estado.
Rômulo Bini disse estar "indignado com a série de matérias que têm como única finalidade denegrir a revolução". O general acrescentou ainda que os militares "reconhecem que houve erros de parte a parte", mas ressalva que "infelizmente somente uma das partes é tratada como vilã".
Segundo informações obtidas pela Agência Estado, militares da reserva e até mesmo da ativa estão bastante "incomodados" com os ataques feitos ao movimento de 64, que completou 50 anos em 31 de março.
Militares ficaram inconformados com o fato de seus comandantes terem sido obrigados a ceder às pressões da Comissão Nacional da Verdade, que encaminhou queixas ao Planalto dizendo que as Forças Armadas não estavam colaborando com os pedidos dos conselheiros.
O fato é que os militares da ativa são proibidos pelo regulamento interno de falar e os da reserva têm recebido apelos para que não joguem álcool na fogueira. Nesse episódio, o único ponto considerado positivo foi a declaração da presidente Dilma Rousseff, em discurso no dia do aniversário do movimento, de que não apoia as iniciativas da esquerda de revisar a Lei de Anistia. Ela destacou que essa lei foi construída a partir de acordo entre as partes.
Há dois meses, o general Bini havia publicado artigo no jornal O Estado de S. Paulo no qual defendeu o movimento, criticando a Comissão da Verdade e atacando Dilma. Citou que a presidente "demonstra ser incapaz de governar com seriedade, equilíbrio e competência" e que, "diante de qualquer obstáculo, convoca especialistas em propaganda e marqueteiros para que façam diminuir ou mascarar os pontos negativos que poderão surgir, pois só o que ela e seu partido querem é conseguir a reeleição".
O Comando do Exército tem adotado a postura de ignorar as críticas de Bini e, inclusive, tem omitido as declarações do general em sua resenha de notícias, que é distribuída para todas as unidades militares do País. Apesar da disseminação da internet, em muitas unidades militares, principalmente no norte do País, apenas a resenha do Exército chega como meio de informação ao pessoal, pelas dificuldades de comunicação que ainda existem..