Em uma iniciativa inédita no Brasil, o Ministério Público Estadual (MPE) está propondo a realização de um concurso único, a ser realizado no mesmo dia, para a contratação de servidores de diversas áreas em pelo menos 86 prefeituras do Norte de Minas, onde os atuais trabalhadores estão empregados de forma precária, contrariando a Constituição.
O promotor Paulo Márcio da Silva, coordenador regional de Defesa do Patrimônio Público, disse que a proposta é que a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) se torne parceira, elabore as provas e ainda os planos de carreiras, para os municípios. “Nossa preocupação é a profissionalização do serviço público no Norte de Minas, para a melhoria do atendimento à população. Há pelo menos dois anos tentamos realizar Termos de Ajustamento de Conduta (TAC’s), sem que os municípios consigam executar a seleção de servidores”, explicou.
Resistência Na última semana, a proposta foi apresentada a pelo menos 34 prefeitos que compareceram à reunião com o Ministério Público e seus parceiros. O secretário executivo da Amams, Luiz Lobo, disse que o concurso público único vai significar também uma grande economia para os cofres das combalidas prefeituras da região, considerada uma das mais pobres do país. “Para que um prefeito faça uma seleção, é preciso que ele desembolse entre R$ 50 mil e R$ 70 mil, enquanto a unificação pode significar uma redução de até 50% nesse valor. Acredito que, coletivamente, o custo não ultrapasse a casa dos R$ 25 mil”, diz Lobo.
Para o secretário, a proposta – ao permitir aos candidatos indicar apenas três cidades de sua preferência para trabalhar – é capaz ainda de romper uma forte resistência dos prefeitos em relação ao concurso público, que é a aprovação de “candidatos estrangeiros”, que moram em outras cidades. Para eles, isso sempre significou tirar a oportunidade de emprego dos habitantes locais, que são seus potenciais eleitores.
O presidente da Amams e prefeito de Mirabela, Carlúcio Mendes Leite, disse que a unificação do concurso vai evitar também problemas nos editais e divulgação dos resultados. “Com a participação do Ministério Público e da Comissão Técnica de Concursos (Cotex), o concurso será feito com absoluta lisura”, destacou. Para fechar o acordo, já está marcada reunião em 15 dias. De acordo com o promotor Paulo Márcio, a seleção levará em consideração o número de habitantes e seus indicadores. “Se o concurso fosse feito individualmente, todo esse processo poderia levar até dois anos para acontecer. A Unimontes não teria como atender a demanda de todas as cidades”, explicou Paulo Márcio.
Prazo
O reitor da Unimontes, João dos Reis Canela, disse que a universidade está à disposição com instrumentação de uma metodologia mais adequada. “Sabemos que os prefeitos precisarão de uma certa assessoria, principalmente em relação a planos de cargos e carreiras para que facilite todo o processo.