e Paulo de Tarso Lyra
Brasília – Todas as obras do governo federal estão prestes a entrar no rol do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), criado para dar agilidade nas obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas e depois adotado para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, em substituição à Lei de Licitações.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU), Haroldo Pinheiro, reclama que, nas contratações pelo regime diferenciado, não há exigência da apresentação de um projeto para a licitação. O RDC propõe um sistema casado, em que a proposta é elaborada pelo executor da obra. Na época em que foi sugerida para a Copa, a ideia foi apresentada como uma maneira de diminuir até pela metade o prazo para licitação.
Em carta de repúdio à aprovação da medida provisória pela Câmara dos Deputados, o CAU alega que, ao adotar o RDC, o governo abdica da sua condição de planejar as cidades e entrega inteiramente a tarefa para o executor. "Mais especificamente, fazer o projeto executivo, empreender as obras, definir materiais e realizar testes conclusivos. Sem conhecer e aprovar o projeto antes de contratar as obras, o governo não tem como fiscalizar o que contratou. Quem projeta não executa. Quem executa não projeta", diz trecho da nota. A reclamação é corroborada pelo presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Sérgio Magalhães. Ele ressalta que o governo diz haver uma vantagem que o mundo não reconhece. "A universalização desse regime é um absurdo", desabafa.
Relatora da medida provisória que incluiu a emenda para universalizar o RDC, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) minimiza a polêmica. "Em uma concorrência pela Lei de Licitações, a 8.666, nós temos que cadastrar e recolher os documentos de todos os pretendentes. Quem quiser participar terá que se habilitar, mostrar todas as certidões negativas.