As frequentes fraudes em concurso público ganharam maior destaque durante a Operação Conto do Vigário, que apreendeu listas com os nomes dos candidatos que deveriam ser aprovados na seleção, originais de gabaritos que eram distribuídos aos beneficiados e uma coleção de e-mails interceptados entre integrantes da organização criminosa com gestores de vários municípios.
De acordo com as investigações, em um dos municípios em que atuou, São João das Missões, o grupo “forjou a realização de processo seletivo em 2010, valendo-se da participação da empresa Dornas&Dornas Prestação de Serviços de Assessoramento Ltda.”, de Sete Lagoas, na Região Central. Os seus sócios, Carlos Lúcio de Paula Dornas e Vinícius Dornas, teriam emprestado aos irmãos a identidade da empresa para que ela fosse usada na fraude.
O Ministério Público apurou que o mesmo esquema foi usado também nas cidades de Icaraí de Minas, Pintópolis, Pedra de Maria da Cruz, São Romão, Cônego Marinho e Juvenília, com o uso de pelo menos outras oito empresas, todas de propriedade de integrantes da organização criminosa, entre os anos de 2007 e 2010. Para o promotor Paulo Márcio, a capacidade de promover as fraudes tem como exemplo a cidade de Januária, onde o grupo se estabeleceu inicialmente.
“Essa organização criminosa, originariamente estabelecida no município de Januária, dedicava-se à prática de fraudes nas licitações promovidas pelo citado município especialmente no que se refere à aquisição de autopeças e combustíveis, contando sempre com a conivência de servidores públicos. Exatamente em razão dessas atividades ilícitas é que o município de Januária – num curto período de pouco mais de cinco anos (2004/2009) – contou três prefeitos cassados, acusados de práticas ímprobas contra o erário municipal”, afirmou o promotor em ação criminal.