Ex-aliado de Wagner e ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, por indicação de Dilma, Geddel preside o PMDB baiano e será candidato ao Senado pela chapa oposicionista, que terá como candidato ao governo o ex-governador baiano Paulo Souto (DEM) e como candidato a vice o ex-deputado Joaci Góes (PSDB), relator do projeto do Código de Defesa do Consumidor. No evento de hoje, Geddel conclamou as cerca de mil pessoas presentes ao Centro de Convenções do Hotel Sheraton da Bahia a "eleger Aécio Neves presidente". O senador mineiro, pré-candidato do PSDB ao Planalto, também participou do evento.
Apesar de ser o primeiro do partido a tomar posição oficial contra a reeleição de Dilma - e de seu vice, o peemedebista Michel Temer, de quem é próximo -, Geddel tentou minimizar o fato e disse "repelir rótulos de rebeldia ou traição" para a ação. "Houve um ato de escolha, de quem conheceu as posições do lado de lá (governo do PT) e acha que, para o Brasil, é muito melhor tentar construir uma outra posição", argumentou. "Há situações parecidas em vários outros Estados, como em Pernambuco, no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul."
Para Geddel, a situação criada "não é estranha", apesar de colocá-lo na oposição a seu próprio partido na eleição ao governo federal. "Seria estranho se o PMDB tivesse uma candidatura própria", avalia. "Evidente que a falta de um projeto nacional do PMDB é um problema (para o partido).
Geddel disse ter conversado com Temer após o anúncio da chapa, feito na última quinta-feira, 10. "O vice-presidente reagiu como (era esperado de) um amigo que tenho há 20 anos, que entende as circunstâncias", contou. "Ele me disse: 'vamos torcer para você estar no Senado, tenho certeza de que será uma voz importante da Bahia'."
Novos dissidentes
Apesar de Geddel tentar minimizar sua aliança com a oposição aos governos petistas estadual e federal, o senador Aécio Neves comemorou a atração do PMDB na eleição baiana - e o apoio do partido, no Estado, a sua candidatura à Presidência. "Assistimos hoje, na Bahia, à mais bem-sucedida construção política que aconteceu até agora no Brasil para as eleições de 2014", disse. "Ela permite que tenhamos, na Bahia, um apoio no plano nacional que não tivemos nas últimas eleições."
Para Aécio, a conjuntura que levou à atração do PMDB à oposição na Bahia pode ser replicada em outros Estados. "Há setores do PMDB e de outros partidos da base governista insatisfeitos com isso que está aí", afirmou. "As pessoas estão percebendo que essas alianças só têm servido aos interesses do PT, não têm servido aos interesses do Brasil. Então, independente da aliança nacional, em muitos Estados vai haver alianças da nossa candidatura com partidos que hoje estão na base do governo federal."
Principal articulador do acordo que uniu DEM, PSDB e PMDB na Bahia, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) disse estar "com sentimento de dever cumprido", mas espera a chegada de mais legendas à chapa. "Deu trabalho, foram muitos meses na tentativa de produzir uma saída que garantisse uma chapa de peso como essa", contou. "Paulo Souto e Geddel são os dois políticos com maior densidade eleitoral nas pesquisas, neste momento, os dois tinham condições de disputar o governo e estão reunidos na mesma chapa. Não tenho dúvida que essa chapa vai atrair novos apoios - e vamos buscar mais partidos para formar essa aliança."
A chapa de oposição da Bahia vai enfrentar a chapa do governo, que tem o ex-secretário da Casa Civil de Wagner, Rui Costa (PT), concorrendo ao governo, tendo como vice o deputado João Leão (PP) e como candidato ao Senado o ex-vice-governador Otto Alencar (PSD). Outra candidatura que pode ter força no Estado é a do PSB, que tem como concorrente ao governo a ex-prefeita de Salvador Lídice da Mata e como postulante ao Senado a ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon (PSB). O partido ainda não definiu quem será o candidato a vice na chapa..