Na sua exposição inicial na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró preferiu não falar sobre o motivo pelo qual omitiu cláusulas contratuais para a compra pela estatal de parte da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Cerveró disse que não tem "relevância" a cláusula Put Option (de saída) e é "inócua" a cláusula Marlim (de rentabilidade) na operação. Para ele, a compra da refinaria de Pasadena foi um "bom negócio". Cerveró foi o responsável por apresentar o resumo que a presidente Dilma Rousseff, conforme revelou o Estado, considerou incompleto e que embasou a compra pela estatal da metade refinaria de Pasadena. A então ministra Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal à época da operação. A presidente disse que não aprovaria a operação se soubesse de todas as informações.
Embora não tenha declarado por que, segundo Dilma, omitiu tais cláusulas, Cerveró destacou que todas as decisões da Petrobras foram aprovadas pela direção. O ex-diretor reafirmou nesta quinta-feira, 16, que o custo da metade da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), foi de cerca de US$ 360 milhões. Segundo ele, o valor é "muito distante" do que foi divulgado pelo mercado. "Foi um bom negócio, sem dúvida", afirmou. Cerveró disse que a cláusula de saída (put option) é comum em qualquer sociedade. "Não tem nenhuma relevância, a minha preocupação é que não há relevância na cláusula de saída", afirmou. Segundo ele, ninguém faz uma sociedade para sair dela. "Vocês podem perguntar no mercado. É uma cláusula normal", destacou.
Segundo o ex-diretor, a cláusula Marlim tinha como objetivo impor o processamento de 70% do petróleo. Cerveró disse que a cláusula era uma defesa para a Astra. Ele afirmou que essa cláusula é estabelecida a partir da seguinte premissa: é colocada uma diferença mínima, porque o petróleo leve é muito mais caro que o pesado. Por isso, destacou, havia essa remuneração extra de 6,9%. "É uma proteção negociada. Esta cláusula é inócua e não significava nenhum risco para a Petrobras. Não era nenhuma garantia de rentabilidade do sócio, mas uma proteção", afirmou.