(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

André Vargas decide não renunciar ao mandato, diz líder do PT na Câmara

Decisão do deputado licenciado irrita o partido e levanta dúvidas sobre os próximos passos do petista que já formalizou sua saída da vice-presidência


postado em 17/04/2014 06:00 / atualizado em 17/04/2014 07:44

Vargas chegou ao cargo na Mesa Diretora em disputa acirrada (foto: Laycer Tomaz/Agência Câmara - 2/4/14)
Vargas chegou ao cargo na Mesa Diretora em disputa acirrada (foto: Laycer Tomaz/Agência Câmara - 2/4/14)

Brasília – Ex-secretário de comunicação do PT e ex-vice-presidente da Câmara – formalizou ontem, com um atraso de uma semana em relação ao anúncio, a renúncia ao cargo na Mesa Diretora –, André Vargas (PR) tornou-se um fantasma desgovernado que assombra o próprio partido e as campanhas eleitorais de outubro, tanto a federal quanto as estaduais. Desde que foi flagrado pela Polícia Federal em conversas suspeitas com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava a Jato, Vargas assumiu uma postura bipolar, que vai da depressão à disposição ao enfrentamento, deixando seus companheiros de legenda sem saber como agir.


No início da noite de ontem, ele assegurou ao líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), que não renunciará ao mandato. Frustrou, com isso, as expectativas expressas pelo próprio Vicentinho, horas antes. “A nossa expectativa é de que ele renuncie ao mandato, até para não ficar sangrando permanentemente. A renúncia ao mandato será melhor para ele. Não é declaração de culpa, mas é um sangramento desagradável para ele. Não queria estar no lugar dele”, resumiu o líder da bancada petista.

Segundo interlocutores do partido, Vargas se perdeu em uma estratégia política errada, foi atropelado pelos fatos e passou a avaliar de forma equivocada as consequências. Uniu-se a um grupo restrito de deputados – os mesmos que o ajudaram a eleger-se para a vice-presidência da Câmara – e fechou os ouvidos às instâncias decisórias do partido. “Vargas não ouve mais o Lula, o Rui (Rui Falcão, presidente do PT) nem o Vicentinho. Isolou-se de vez”, resumiu um parlamentar petista. Falcão, inclusive, defende a renúncia do parlamentar.


A bipolaridade de Vargas preocupa o PT. “Ele transformou-se em um caminhão desgovernado”, completou outro companheiro de bancada. A pressão aumentou quando Vargas percebeu que o indicado para relatar o caso dele no Conselho de Ética era o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), célebre por ter conduzido o processo de cassação do ex-deputado José Dirceu. “Naquele instante ele percebeu que o destino estava selado. Mas aí, não tinha mais tempo de renunciar sem perder os direitos políticos”, analisou um petista. De qualquer forma, Vicentinho admite que o processo na Comissão de Ética do partido tende a continuar, mesmo que Vargas deixe de ser parlamentar.


Qual o real potencial de estrago de Vargas? Até agora ele não tem exposto publicamente figuras da legenda, mas tem mandado recados cifrados e ameaçadores para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP). Ambos são candidatos nos respectivos estados e a vitória deles é fundamental para o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff em outubro. “Ele perdeu totalmente o apoio do partido”, sentenciou um parlamenta petista.


Pessoas próximas ao deputado paranaense avaliam que o receio dele é ser preso, caso renuncie ao mandato. O juiz que acompanha o processo no Paraná, Sérgio Fernando Moro, é considerado linha dura. Os aliados de André rebatem a tese. “Ao desmembrar o processo e encaminhar a parte que envolve o André ao STF, o juiz fez questão de destacar que, até o momento, é ‘prematura a afirmação de que tal relação (entre André Vargas e o doleiro Alberto Youssef) seria delituosa’”, afirmou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).


CRISE A JATO

Trajetória meteórica

Brasília – Do trabalho voluntário nos albergues noturnos de Londrina (PR) à ameaça de cassação por quebra de decoro parlamentar. André Luiz Vargas Ilário, de 50 anos, teve uma trajetória política meteórica – foi eleito vereador pela primeira vez em 2000 –, voluntariosa, impulsiva e briguenta. Bem diferente dos idos de 1983, quando iniciou os trabalhos assistenciais em um asilo, e demonstrava, segundo pessoas que o conheceram na época, paciência e disposição para conversar com os idosos. Habilidade que o levou a tornar-se, pouco tempo depois, diretor do albergue.

Em 1998, já era presidente do PT paranaense. Tornou-se vereador de Londrina em 2000, mas não completou o mandato. Dois anos depois, se elegeu deputado estadual. Quatro anos mais tarde, já estava na Câmara dos Deputados. Está em seu segundo mandato como deputado federal.

Em 2008, ele tentou concorrer a prefeito da cidade natal, mas chegou apenas em quinto. No Congresso, relatou matérias importantes, como as duas edições do Programa Minha Casa, Minha Vida, um dos principais pilares eleitorais da presidente Dilma Rousseff. Tornou-se secretário de comunicação do PT em 2011 e apoiou o projeto de regulamentação da mídia, engavetado por um de seus conterrâneos, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Tuiteiro inveterado, tornou-se vice-presidente da Câmara em uma disputa acirrada que rachou a bancada do PT na Câmara. No início do ano, mais polêmica. Comemorou pelo Twitter a queda da ministra da Secretaria de Comunicação da Presidência, Helena Chagas, alegando que a política de comunicação do Planalto estava desalinhada do partido.

E protagonizou uma cena constrangedora na abertura dos trabalhos do ano legislativo, ao dividir a mesa da solenidade com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Ao lado do relator do mensalão, ergueu o punho fechado, repetindo o gesto feito por José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha, no momento em que eram presos.(PTL)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)