Jornal Estado de Minas

Rede pressiona por candidato próprio

Aliados de Marina Silva querem que a ex-senadora venha a Minas na convenção do partido e anuncie sua posição a favor da candidatura do ambientalista Apolo Heringer ao governo

Leonardo Augusto
A ex-senadora Marina Silva está sob forte pressão de aliados em Minas Gerais para que compareça à convenção da Rede Sustentabilidade no estado, marcada para dia 27, e se posicione a favor da candidatura própria ao Palácio da Liberdade em outubro.
Por ainda não ter assinaturas suficientes para registrar o partido, Marina fechou acordo com o PSB para as eleições 2014, garantindo uma espécie de abrigo para que seu grupo político não fique fora da disputa de outubro. Em Minas, o pré-candidato da Rede para concorrer pelo PSB é o médico e ambientalista Apolo Heringer. “No convite que enviamos a Marina Silva, afirmamos que sua presença na convenção é imprescindível”, afirmou o correligionário da ex-senadora.

A exigência da presença da ex-parlamentar em Minas, que deverá ser vice de Eduardo Campos (PSB) na sucessão presidencial, é uma tentativa de fazer com que a Rede se imponha frente à cúpula do PSB no estado, que defende o apoio à candidatura de Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo de Minas. O pedido para que Marina compareça à convenção foi mandado ontem.

No registro da pré-candidatura de Apolo, feita na sede do partido em Minas em 8 de abril, integrantes da Rede no estado entregaram ao PSB carta de Marina Silva em que apresentava o ambientalista como possível candidato. O documento foi entregue ao primeiro vice-presidente da legenda, Mario Assad. O presidente do partido em Minas, Julio Delgado, não compareceu ao encontro.

Segundo o parlamentar, existe um acordo entre Eduardo Campos e o senador Aécio Neves (PSDB), também pré-candidato ao Palácio do Planalto, para que as duas legendas se alinhem em Minas. A negociação envolveria o apoio do PSB ao candidato tucano em Minas e o não comparecimento de Campos em Minas, nem de Aécio em Pernambuco, durante a campanha eleitoral.

Para Apolo, o acerto não existe. “Eduardo quer ganhar a eleição. Assim, como vai apoiar o senador? Acho que isso é apenas uma estratégia para ganhar tempo”, disse o ambientalista. “O ex-governador de Pernambuco está atrás nas pesquisas. Vai tentar reagir, e isso vai passar por um posicionamento mais forte em relação ao PSDB”, acrescentou.

Apolo afirma ainda ser grande o número de filiados do PSB que defendem a candidatura própria. A maior parte, porém, não tem mandato ou cargos públicos. “Os que às vezes podem ter uma ajuda do governo para se reeleger ou se manter no emprego não querem que o partido lance um concorrente ao Palácio da Liberdade”, afirmou.

Treino Por ainda não ser um partido, não há necessidade de a Rede realizar convenção para escolha de candidatos, como acontece com todas as legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Apolo, no entanto, a realização do encontro é para que a futura sigla já comece a funcionar realmente como um partido. A convenção, porém, funcionará ainda como uma prova de força para o PSB, sobretudo se conseguir reunir número expressivo de integrantes da legenda, principalmente os que não têm ligação com os tucanos, como pretende o ambientalista. “Acredito que a convenção será a nossa hora da virada”, avaliou Apolo.

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