Jornal Estado de Minas

Debate sobre aborto chega mais cedo nas eleições

Jorge Macedo - especial para o EM
Leonardo Augusto

Um tema que já virou recorrente e rendeu grandes polêmicas em campanhas eleitorais apareceu mais cedo este ano.

O ex-governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) se posicionou ontem contra o aborto durante visita no domingo de Páscoa a Aparecida (SP), o principal ponto de peregrinação católica do país. O ex-governador classificou a legislação brasileira como “adequada” e disse que “como cidadão e cristão” é contra a interrupção da gravidez. No país, o aborto só é permitido em casos específicos, como quando há risco de vida para a mãe e na gestação de anencéfalos.

Na campanha eleitoral de 2010, o tema entrou na pauta dos então candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no fim do primeiro turno da disputa, realizado em 3 de outubro. No horário eleitoral já para a segunda etapa de votação, ocorrida em 31 de outubro, o tucano disse sempre ter condenado o aborto e afirmou ter valores cristãos. Por sua vez, Dilma, a vencedora da disputa, desmentiu acusações do adversário de que seria favorável à interrupção da gravidez e que vinha sendo vítima de “campanha caluniosa”.

O aborto só deixou de orbitar a disputa do segundo turno quando alunas da mulher de Serra, Mônica Serra, relataram que a professora contou ter interrompido uma gravidez no período em que o casal estava no exílio, no Chile, em 1973. A Justificativa para o aborto, ainda conforme a aluna da mulher de Serra, teria sido a ditadura. Mônica Serra era professora de dança na Universidade de Campinas (Unicamp) e revelou a história em sala de aula em 1992.

Em Aparecida, Campos afirmou não conhecer ninguém que seja a favor do aborto.

Ao lado do cardeal Dom Raymundo Damasceno, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o ex-governador lembrou que a lei brasileira "já prevê as circunstâncias e os casos em que é permitido interromper a gravidez sem que seja considerado crime" e que não vê razão para que esses termos sejam alterados. O pré-candidato disse que o programa de governo de sua campanha terá "posição clara" sobre o aborto. (Com agências)

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