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Estado de Minas

Deputado petista André Vargas vai enfrentar "dupla artilharia" nesta semana

Conselho de Ética da Câmara e colegas de partido decidem hoje se processarão André Vargas por ligações com doleiro preso


postado em 22/04/2014 00:12 / atualizado em 22/04/2014 08:21

Depois de aceita a admissibilidade do processo, André Vargas terá 10 dias para apresentar sua defesa(foto: Brizzza Cavalcante/Agência Câmara)
Depois de aceita a admissibilidade do processo, André Vargas terá 10 dias para apresentar sua defesa (foto: Brizzza Cavalcante/Agência Câmara)

Na volta do feriado prolongado, o deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR) – acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava a Jato, criada para desmontar esquema de lavagem de dinheiro – vai enfrentar uma semana sob intenso fogo, tanto por parte de seu partido como da Câmara dos Deputados. Nesta tetrça-feira, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) entrega o relatório de admissibilidade da representação por quebra de decoro apresentada contra o petista por partidos da oposição – PSDB, DEM, e PPS – ao Conselho de Ética da Casa. O colegiado se reúne no plenário 9, às 16h, para votar o parecer.

Também nesta terça-feira, relatório dos três integrantes da Executiva Nacional do PT destacados para ouvir Vargas sobre a denúncia será entregue aos demais membros do colegiado, que decidirão se acatam a recomendação de abertura de processo contra o deputado na Comissão de Ética do partido, que tem poder para expulsá-lo da legenda. O documento, assinado por pesos pesados do partido – o vice-presidente nacional da sigla, Alberto Cantalice, o secretário nacional de Organização, Florisvaldo Souza, e o secretário nacional de Formação, Carlos Árabe –, está nas mãos do presidente da legenda, Rui Falcão, desde terça-feira. Falcão ainda pressiona Vargas a renunciar ao mandato. Nesse caso, o assunto poderia ser encerrado no PT ou enviado a Londrina (PR), onde Vargas é filiado e exerce influência.

O deputado federal Júlio Delgado aproveitou o feriado da semana santa para terminar seu relatório, que será curto, já que não há necessidade de aprofundamento em provas nesta etapa. “O relatório vai dizer apenas se devemos acatar a representação dos partidos. Estou me baseando nas informações do documento e também na própria defesa que Vargas fez da tribuna”, disse. O petista admitiu, no plenário da Câmara, que viajou em um jatinho fretado por Youssef, mas negou ilegalidade na relação com o doleiro. No entanto, diálogos interceptados pela Polícia Federal revelaram que Vargas conversou com Yousseff para tratar de um contrato entre um laboratório de fachada e o Ministério da Saúde.

Notório

Júlio Delgado, temendo que fosse colocado sob suspeição, disse que não poderia adiantar as conclusões de sua análise, mas afirmou considerar “notórios” os dados apresentados na representação dos partidos e no discurso. De acordo com as investigações da PF, às quais Delgado pediu acesso, Vargas ajudava o doleiro a localizar projetos na administração pública por meio dos quais pudesse ser desviado dinheiro público. Na quarta-feira, o deputado oficializou à Mesa Diretora sua renúncia ao cargo de 1º vice-presidente da Câmara. O documento, no entanto, tem a data do dia 9 de abril, quando o deputado anunciou que renunciaria ao mandato.

Caso seja aceito o pedido de abertura de processo no Conselho de Ética da Câmara, Vargas será notificado e, só aí, começa a contar o prazo de 10 dias para a entrega da sua defesa escrita. Nesse documento, ele vai sustentar seus argumentos, apresentar provas e indicar até oito testemunhas. Por sua vez, o processo de expulsão de Vargas que poderá ser instaurado pelo PT também não é simples. “O relatório foi entregue na terça-feira ao presidente e, caso vá à Comissão de Ética, existe todo um processo. Não é uma coisa simples, mas agora vai depender da Executiva Nacional”, disse o vice-presidente da legenda, Alberto Cantalice.

Saiba mais

Lava a Jato

A Operação Lava a Jato da Polícia Federal, iniciada em 17 de março, investiga esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo quatro doleiros, entre eles Alberto Youssef. A estimativa é de que podem ter sido movimentados pela quadrilha mais de R$ 10 bilhões. Até o momento, foram realizadas 19 prisões preventivas, 12 temporárias e 27 conduções coercitivas. Foram apreendidos R$ 100 milhões em espécie, centenas de joias e obras de arte. Segundo a PF, as investigações vão continuar em outras frentes: fraudes em licitações, desvio de recursos públicos, corrupção ativa e passiva e sonegação fiscal. Um dos indiciados, o ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa atuou junto com Youssef na área de consultoria a empresas que têm negócios com a Petrobras. Dono da empresa Costa Global, Costa havia se associado a Youssef para a compra da Ecoglobal, empresa que obteve um contrato de  R$ 443,8 milhões com a estatal. 


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