Bolonha e Brasília - O Grupo Antimáfia da Justiça italiana suspeita do envolvimento do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato em um esquema de lavagem de dinheiro comandado por um antigo aliado do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi, o que pode resultar na abertura de novo processo contra o brasileiro no país europeu. Em depoimento a promotores italianos no final do mês passado, revelado nessa terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, Pizzolato confirmou que conhecia Valter Lavitola, hoje preso em Nápoles acusado de envolvimento em esquema de corrupção e conhecido como o operador e lobista de Berlusconi.
Ele foi do conselho de administração da Brasil Telecom no ano 2000, por indicação da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Na época havia uma disputa entre os sócios da companhia de telefonia fixa, opondo os italianos, que criaram a TIM, o brasileiro Opportunity, controlado pelo banqueiro Daniel Dantas, e fundos de pensão de empresas estatais. A Brasil Telecom hoje pertence à OI.
No depoimento prestado no final de março, Pizzolato evitou entrar em detalhes e apenas confirmou que conhecia o italiano, que havia morado no Rio. A polícia italiana identificou ligações telefônicas e e-mails entre os dois. No Brasil, Lavitola também manteve relações com doleiros. Por se tratar de uma investigação no âmbito do combate à máfia, a Justiça italiana poderá ter amplos poderes para manter informações sobre Pizzolato, vasculhar sua vida e manter a sete chaves os resultados da apuração.
Segundo promotores italianos em Bolonha, as descobertas podem retardar o processo de extradição de Pizzolato ao Brasil. Mas não irá impedir uma eventual deportação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil ao País. Isso porque o questionamento poderia continuar até mesmo em cooperação com a PF e uma eventual condenação poderia ser cumprida no Brasil.
Defesa
O advogado de Pizzolato em Modena, Lorenzo Bergami, confirmou o depoimento. "Mas não sei o que falou. Ele estava sem advogado no momento", disse. Bergami defende Pizzolato no processo de extradição solicitada pelo Brasil. O promotor encarregado do caso em Napoles, Vincenzo Piscitelli, deve tomar novo depoimento de Pizzolato nos próximos dias.
As informações que ligam Pizzolato a Lavitola já estavam com a Justiça italiana antes mesmo da fuga do brasileiro, no segundo semestre de 2013. Mas seu nome apenas soou o alerta do Grupo Antimáfia depois da polêmica sobre sua saída do Brasil. O nome de Pizzolato apareceu quando o grupo antimáfia passou a investigar o operador de Berlusconi por conta de diversos escândalos financeiros, principalmente no pagamento de propinas para o governo do Panamá.