Jornal Estado de Minas

Clésio Andrade desiste de disputar governo após decisão do PMDB de se unir ao PT

Senador desiste de candidatura e reforça união entre as legendas na chapa encabeçada pelo ex-ministro Pimentel

Juliana Cipriani

"Tomei a decisão preocupado com a eleição de meus amigos deputados estaduais e deputados federais, que precisam de coligação para se reelegerem" - Césio Andrade (PMDB), senador - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 16/3/12


Diante da decisão da maioria da Executiva do PMDB de se unir ao PT na disputa pelo governo de Minas, o senador Clésio Andrade anunciou nessa quarta-feira a desistência de sua pré-candidatura ao Palácio da Liberdade. O ato reforça a aliança com o pré-candidato ao governo, ex-ministro Fernando Pimentel, que terá como vice o presidente do PMDB, Antônio Andrade, e o empresário Josué Gomes concorrendo ao Senado. Clésio divulgou nota em que afirma acatar a decisão tomada pela maioria da bancada do partido.

O parlamentar passou os últimos meses viajando pelo interior mineiro em busca de apoio para se lançar na disputa e trazia consigo a adesão de algumas lideranças da legenda. Por diversas vezes, quando se desenvolviam as conversas com o PT, reforçou sua posição de encabeçar uma chapa pelo PMDB. Ontem, porém, Clésio disse que desistia, “mesmo tendo certeza da vitória na convenção”.

“Tomei a decisão preocupado com a eleição de meus amigos parlamentares, deputados estaduais e deputados federais, que precisam de coligação para se reelegerem”, afirmou o senador. Ele disse ainda ter colocado seu nome à disposição para atender aos anseios das bases partidárias, mas que é um construtor de pontes.

O anúncio vem um dia depois de oito dos 13 integrantes da Executiva do partido confirmarem o apoio ao PT.
O grupo garante ter maioria para confirmar a coligação em convenção. Uma das questões que pesaram na definição da aliança foi a eleição proporcional. Os deputados estaduais e federais queriam se unir aos petistas para conquistar um número maior de cadeiras. Pelas contas da bancada, sem o PT, os peemedebistas conseguiriam apenas manter o número de oito parlamentares na Assembleia e conquistar apenas três cadeiras em Brasília. Com a coligação, eles acreditam que terão 10 deputados estaduais e seis ou sete federais.

“A condição da bancada estadual é até tranquila, porque já trazemos a experiência de ter disputado sozinha na eleição passada, mas para a esfera federal a coligação é importantíssima”, afirmou o deputado estadual Vanderlei Miranda. O parlamentar creditou a decisão de Clésio à falta de espaço e considerou que é a melhor posição para o partido. “Estamos falando de viabilidade eleitoral; se ele estivesse pontuando bem nas pesquisas era uma coisa, mas ele não estava”, avalia.

Cenário

O deputado federal Saraiva Felipe, um dos principais defensores da candidatura própria de Clésio, afirmou que a desistência do senador enfraquece a tese, que fica sem corpo. “Quem estava colocando alternativamente o nome era o deputado federal Leonardo Quintão, mas acho que ele também precisa refletir sobre a mudança do cenário em Minas”, afirmou. Saraiva, que chegou a fazer uma reunião com os tucanos, cogitando o apoio ao candidato do PSDB, Pimenta da Veiga, disse que nunca eliminou a possibilidade de apoiar o PT e acompanhar a decisão majoritária do partido. “Agora é esperar a decisão também do próprio Leonardo”, afirmou.

Antônio Andrade disse que Clésio teve uma atitude de desprendimento em benefício do PMDB e indicou que já esperava esse posicionamento. “Se vai acabar a disputa ou não eu não sei, mas é mais um membro nosso.
Entendemos que quando ele desiste da candidatura própria está favorável à aliança com o PT”, afirmou. Andrade não quis polemizar sobre o número de delegados necessários para vencer a convenção. “Não fizemos essa análise”, disse. Leonardo Quintão não foi encontrado para comentar a decisão de Clésio.

 

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