A Ordem dos Advogados do Brasil (seção Minas Gerais), a Comissão da Verdade Wladimir Herzog, de São Paulo, e outras entidades anunciaram que vão recorrer às cortes internacionais, depois de reunião com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), caso ela reafirme sua conclusão de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek não foi vítima de atentado e sim de um acidente.
Segundo a OAB-MG, o primeiro passo, caso não se chegue a um denominador comum com a comissão nacional, é o pedido de análise dos dados pela Comissão Interamericana de Direitos da Organização dos Estados Americanos (OEA). “Não sabemos se houve receio ou pressão do Exército para que o relatório fosse finalizado daquela forma, ou se a grande mudança de membros pela qual passou a comissão nos últimos anos atrapalhou a análise do caso”, diz o presidente da comissão da OAB-MG, William Santos. Foi a autarquia que pediu à CNV que reabrisse a apuração sobre as circunstâncias da morte do ex-presidente, em setembro de 2012. Santos explicou que a convicção de que Juscelino foi vítima de atentado da Operação Condor é corroborada também pela Comissão da Verdade da OAB e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas.
Surpresa
A desconfiança com a conclusão, de acordo com Santos, surgiu, principalmente, em razão da recusa dos integrantes da CNV em ouvir pessoas que ajudaram a colher as evidências de que JK foi assassinado. “Ninguém foi ouvido”, reafirmou. Entre os que esperavam prestar depoimento está o presidente da Casa Juscelino Kubitschek, Serafim Jardim, ex-secretário particular de JK, que nos últimos 18 anos colhe evidências do interesse de integrantes do regime militar brasileiro em tirar JK do cenário político do país.