Jornal Estado de Minas

Após fechar aliança com PT, PMDB teme perder prefeitos que já estão apoiando o PSDB

Executiva do partido admite que peemedebistas já estão fazendo campanha para Pimenta da Veiga nos municípios e que terá muito trabalho para convencê-los a mudar de lado

Juliana Cipriani

Antônio Andrade (C): prefeitos do PMDB estão sendo pressionados - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS


Mal a executiva do PMDB decidiu que vai apoiar o PT nas eleições para o governo de Minas Gerais e o partido já tem um novo problema: convencer os 120 prefeitos peemedebistas do interior a fazerem campanha para o candidato petista ao Palácio da Liberdade, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel. A dificuldade, colocada claramente pelas lideranças na reunião dessa segunda-feira, é que vários deles já estão participando da pré-campanha do adversário nas urnas, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB). Para completar o racha, nem mesmo a adesão do senador Clésio Andrade (PMDB), que desistiu na semana passada de concorrer ao governo, está garantida.

Na primeira reunião depois da retirada da candidatura própria do PMDB, os integrantes da executiva aprovaram uma moção de aplauso ao ausente Clésio pela atitude tomada depois de a maioria dos dirigentes anunciar a aliança com o PT. O ex-governador Newton Cardoso disse que a intenção era ter candidatura própria, mas o nome colocado não subiu nas pesquisas. Diante do novo rumo, ele pediu que o partido convoque uma reunião com os prefeitos para pedir fidelidade e, se preciso, aplique punição. “Na vez passada, foi uma traição total ao Hélio Costa (candidato derrotado pelo ex-governador Antonio Anastasia, do PSDB).

O ex-presidente do PMDB deputado federal Saraiva Felipe reforçou a preocupação e pediu um trabalho pró-ativo com os prefeitos.
De acordo com ele, até em cidades grandes tem peemedebista na caravana de Pimenta da Veiga. “Mais do que uma declaração de efeito, tem que ser discutida com a executiva uma punição, porque essa situação não é exceção, ela é maioria”, relatou. Saraiva atribuiu a situação à forma em que se deu a definição da aliança com o PT. “Foi tomada uma decisão sem uma discussão prévia, então essa discussão agora precisa ser feita”, afirmou.

O presidente do PMDB, deputado federal Antônio Andrade, negou a falta de diálogo e citou o fato de as reuniões da legenda serem abertas, mas confirmou a dificuldade em relação aos prefeitos. Ele culpou a máquina governamental pelo aliciamento dos prefeitos. “Os prefeitos querem apoiar os candidatos do PMDB, as diretrizes do PMDB, mas são pressionados pelo governo do estado a ficarem do lado oposto. Queremos mostrar para eles que este período é curto e mais importante do que esse período, do que    R$ 50 mil, R$ 100 mil ou R$ 1 milhão, é a participação em um governo que vai fazer a mudança de Minas Gerais”, argumentou.

Posição Enquanto ocorria a reunião na sede do PMDB, o senador Clésio Andrade divulgava nota mostrando que, apesar de ter retirado seu nome da disputa, não será tão fácil assim acabar com a divisão interna do partido. No texto, ele disse que acatou a decisão do PMDB de não ter candidato a governador “em respeito aos amigos deputados estaduais e federais, que precisam de coligação para se reeleger”, mas “se reserva o direito de decidir mais à frente sua posição com relação às candidaturas para governador e senador”. Clésio foi vice-governador na primeira gestão do senador Aécio Neves à frente do Palácio da Liberdade e foi do tucano a indicação que levou sua esposa Adriene Andrade a ser conselheira do Tribunal de Contas do Estado.

Sobre a nota de Clésio, o presidente Antônio Andrade disse que o partido vai caminhar com o PT e ele é senador pelo PMDB. “Entendemos que é um compromisso de cada membro do PMDB de fazer o melhor para o partido, que é ganhar as eleições ao governo de Minas Gerais”, afirmou. Questionado sobre possíveis punições, Andrade disse que a legenda prefere trabalhar com o convencimento.

 

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