O Estado de S. Paulo
em março deste ano.
Em outra decisão tomada nesta terça-feira, a Comissão de Ética anunciou que vai "oficiar o senhor Nestor Cerveró (
ex-diretor da Petrobras
) para que se manifeste no prazo de dez dias sobre a sonegação de dados relevantes ao Conselho de Administração da Petrobras referente à aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas - EUA".
No caso dos convites para a corrida de Fórmula 1, Mantega, Miriam e Ideli, as autoridades foram citadas ao Conselho de Ética do Planalto pelo deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR). Ideli ocupava o cargo de ministra da Secretaria de Relações Institucionais na época. Os ministros têm prazo de dez dias para prestar os esclarecimentos.
O
Estado
noticiou, no final de março, que lista inédita dos convidados VIP da estatal mostrou que o agrado teve como beneficiados o genro da presidente Dilma Rousseff, Rafael Covolo; dois filhos do ministro da Fazenda, Guido Mantega; e a irmã, o cunhado e a sobrinha da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, além de parlamentares da base aliada e seus familiares. Mantida em segredo pela gerência executiva de Comunicação Institucional da Petrobras, a lista foi obtida via Lei de Acesso à Informação.
O marido da então titular da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o subtenente do Exército Jeferson da Silva Figueiredo, também foi convidado para o camarote VIP. A ministra recebeu o convite, mas afirmou não ter ido ao evento. Consultado pela reportagem, Figueiredo não quis falar sobre o assunto.
Sobre o genro de Dilma, nota da Secretaria de Comunicação Social do governo emitida na época da reportagem confirmou que ele "compareceu ao GP Brasil" a convite da Petrobras, desacompanhado da mulher, Paula Rousseff, e afirmou que Dilma não sabia do convite.
consultada
), teria dito para ele não comparecer. Isso porque, embora não exista irregularidade, não vale o incômodo." O genro de Dilma trabalha na área trabalhista do escritório de advocacia do sogro, o ex-marido da presidente, Carlos Araújo. Procurado na época pela reportagem, Covolo avisou pela secretária que "não tinha interesse em se manifestar".
Cerveró
Em relação a Cerveró, a decisão da Comissão de Ética agiu por decisão própria. O presidente da Comissão, Américo Lacombe, explicou hoje, mais cedo, que os integrantes do grupo queriam saber se houve ou não sonegação de informações para o Conselho de Administração da empresa, na época comandada pela presidente Dilma. A decisão em relação a Cerveró, entretanto, tem efeito quase nulo, pois ele já deixou o governo e não está mais submetido às regras da administração pública. Ele poderá, no máximo, receber censura ética, com efeito praticamente inócuo.
A presidente Dilma Rousseff aprovou a compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), quando era chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2006, conforme mostram atas e documentos inéditos da estatal. O negócio, que viria a se completar em 2012, é alvo de investigação da Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas da União e de uma comissão externa da Câmara dos Deputados por suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas.
Os papéis mostram que "não houve nenhum voto em sentido contrário" na decisiva reunião do conselho em favor da operação de compra de metade da refinaria. A ata 1.268, de 3 de fevereiro de 2006, no item cinco, mostra a posição unânime do conselho mesmo já havendo, à época, questionamentos sobre a refinaria, considerada obsoleta. A estatal acabou desembolsando US$ 1,2 bilhão na compra - o polêmico negócio acabou revelado no ano seguinte pelo
Broadcast
.
No mês passado, ao justificar a decisão ao
Estado
, Dilma disse que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema. Tal parecer foi elaborado por Cerveró, na época no comando da diretoria internacional da estatal..