(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Investigação sobre atentado do Riocentro revela terror sob medida

Atentado do Riocentro foi articulado pelo regime militar numa tentativa de inibir a abertura política, diz relatório


postado em 30/04/2014 00:12 / atualizado em 30/04/2014 07:30

Relatório apresentado ontem aponta envolvimento de autoridades no caso(foto: Tânia Rego/Agência Brasil)
Relatório apresentado ontem aponta envolvimento de autoridades no caso (foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

Depois de uma investigação que teve início em 2012, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) concluiu que o atentado a bomba ocorrido no Riocentro, em 1981, durante um espetáculo promovido pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) para celebrar o Dia do Trabalho, foi fruto de “um minucioso e planejado trabalho de equipe, que contou com a participação de militares, especialmente de agentes ligados ao I Exército (predominantemente do DOI-Codi e da 2ª Seção) e ao Serviço Nacional de Informação (SNI)”. Em relatório apresentado ontem, em audiência pública no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, a comissão aponta ainda que o Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado naquele ano para apurar as responsabilidade sobre o ato de terror foi “manipulado” para inocentar os militares e atribuir a autoria “a grupos armados de resistência ao regime”.

Para o coordenador da CNV, o jurista Pedro Dallari, "os documentos demonstram que esse atentado (do Riocentro) não foi obra de lunáticos nem de agentes que atuarampor conta própria. Foi uma ação articulada do Estado brasileiro”. “A mesma estrutura que nos anos 70 usou como política de Estado a tortura e o extermínio de pessoas, nos anos 80 patrocinou atentados a bomba. Foram pelo menos 40 nesse período. Número que mostra que havia uma estratégia política, que é o uso desses atentados para inibir o processo de abertura que começava a ocorrer no Brasil", disse.

De acordo com a CNV, a análise de documentação apreendida na casa do coronel Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do DOI do I Exército, no Rio, assassinado em novembro de 2012, no Rio Grande do Sul, facilitou o esclarecimento do episódio, corroborando depoimentos de testemunhas da época. No entendimento da comissão, nos documentos analisados, que incluem laudos periciais de 1981, “há fortes indícios de que o planejamento da operação tenha contado com o conhecimento de comando de altas autoridades militares, notadamente do I Exército”.

Devastador

Dallari disse, ainda, que se militares tivessem obtido sucesso em seu ato de terror, o resultado seria “devastador”. De acordo com testemunhas e a perícia, os militares pretendiam instalar bombas de fabricação caseira, mas com alto grau de tecnologia, no palco principal do show, em que se apresentariam renomados artistas da música popular brasileira em homenagem a Luiz Gonzaga e que reuniu cerca de 20 mil jovens. No entanto, um artefato explodiu no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, de codinome Wagner, que estava no Puma dirigido pelo capitão Wilson Luiz Machado, o doutor Marcos, ambos lotados no DOI do I Exército.Segundo o relatório – o sexto produzido pela Comissão Nacional da Verdade desde a sua criação –, no interior do automóvel estavam ainda outras duas bombas, além de um pistola e uma granada de mão, conforme testemunhos colhidos em 1981 e 1999.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)