Brasília - A presidente da Petrobras, Graça Foster, voltou a afirmar que a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, "não foi um bom negócio". Ela ressaltou por diversas vezes, entretanto, que essa análise de um "mau negócio" é feita apenas com os dados atuais e que na época a estatal fez um projeto "muito razoável".
"Naquele momento (compra de Pasadena) a Petrobras fez um projeto muito razoável do ponto de vista econômico. No conjunto da análise não foi um bom negócio, mas na época foi um negócio potencialmente bom", afirmou a presidente da estatal, que participa de audiência na Câmara dos Deputados.
Graça também falou sobre a permanência de Nestor Cerveró (ex-diretor da área internacional da Petrobrás, responsável pelo resumo técnico que embasou a compra de Pasadena) na estatal. Segundo ela, não poderia opinar sobre o tema. "Não posso responder porque Ceveró não foi demitido. Não fazia parte do conselho à época".
Questionada sobre a transparência dos níveis de produção da Petrobras, ela ressaltou que a estatal "não esconde queda de produção. "A Agência Nacional de Petróleo sabe exatamente o que estamos produzindo", afirmou.
Revisão das perdas
A presidente da Petrobras considerou que as perdas com a compra da refinaria de Pasadena, EUA, podem ser revistas "total" ou apenas "parcialmente", em audiência na Câmara dos Deputados. "As perdas podem ser revistas total ou parcialmente. Até 2008, o negócio de Pasadena era potencialmente bom. Pós 2008, o negócio passa a ser de baixo retorno. As margens foram reduzidas e o mercado caiu, além disso não fizemos Revamp (modernização). O mercado também passou a comprar menos", afirmou. Segundo a presidente da estatal, antes de 2008 havia lucro líquido principalmente por conta da produção do óleo leve.
Graça Foster informou também que entre 2006 e 2013 foram investidos na refinaria US$ 685 milhões em cima do valor da aquisição. E comparou os valores aplicados em Pasadena com o que é feito nas refinarias do País: "Pagar US$ 86 milhões por ano em investimentos em Pasadena não é muito diferente aqui no Brasil."
Em parte da explanação, ela também ressaltou que desde o final de 2012 a estatal vem atendendo aos pedidos de órgãos de fiscalização para esclarecer a compra da refinaria de Pasadena. "Estamos desde novembro de 2012 atendendo a órgãos de controle e requerimentos de informação. Temos um grupo dedicado a Pasadena para prover (informações) a todos os que questionam", afirmou.
Resultados
Após quase 40 minutos explicando a compra da refinaria de Pasadena, Graça apresentou aos membros da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dados sobre o desempenho da empresa.
De acordo com Graça, a Petrobras viu um crescimento de 41% na produção da área do pré-sal, classificada por ela como "uma realidade". As reservas provadas, segundo a presidente, saltaram 27%, entre 2003 e 2013. "Temos volume potencialmente recuperável hoje de 27,4 bilhões de barris de óleo equivalentes", afirmou.
Ela também destacou que a entrega de gás natural cresceu 174% entre 2003 e 2014. "É um valor expressivo", resumiu. Sobre a produção de derivado, ela disse que a empresa produziu mais de 500 mil barris de petróleo por dia em refino com o mesmo número de refinarias, "um excepcional trabalho da equipe técnica da Petrobras". Além do mais, ela disse que a estatal tem praticamente 100% do mercado da venda de derivados no Brasil.
Por último, Graça comparou os resultados da estatal brasileira com a de outras petroleira estrangeiras. O mercado da Petrobras cresceu 3% no último ano. "O lucro líquido da Petrobras entre 2012 e 2013 cresceu 11% em reais, enquanto que em dólares cresceu 11%". A Exxon, segundo Graça, teve queda no lucro líquido de 27%, enquanto que a Chevron teve perda de lucro líquido de 18%. "O lucro dessas empresas caiu pelas razões que nos impactam também. Custos e queda da produção bastante expressiva dessas empresas".
Ainda segundo Graça, a Petrobras foi a empresa que mais investiu nos últimos dois anos, chegando a um total de US$ 91 bilhões. A Exxon, por sua vez, aportou US$ 82 bilhões, de acordo com a presidente da companhia.
Graça também afirmou que a Petrobras tem hoje uma dívida bruta de R$ 268 bilhões, mas que essa dívida tem por objetivo fazer a empresa "crescer". "É dívida para produzir o que vamos estar produzindo. No plano de negócios e gestão não temos mais crescimento da dívida, porque a nossa produção de petróleo aumentou".
Ela previu ainda que em 2015 a empresa brasileira terá fluxo de caixa positivo, gerando mais receita do que o investimento aplicado. E que 15 bancos acompanham a Petrobras, sendo que cinco dizem ao mercado para comprar ações da estatal e 10 falam para manter as ações. "Eles estão vendo a produção crescer e sabem da importância da convergência de preços".