Jornal Estado de Minas

Homem de confiança de Lula é articulador de Dilma no Planalto

Berzoini chega com a fogueira da CPI da Petrobras acesa e com a presidente em queda nas pesquisas. A hora é difícil

Bertha Maakaroun - enviada especial
Ricardo Berzoini é homem de de confiança de Lula no Planalto - Foto: Zeca Ribeiro/Camara dos Deputados
Assim como o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, Ricardo Berzoini, homem da confiança de Lula e por ele plantado no governo para a função de articulador político, iniciou no mês passado o seu trabalho no Ministério das Relações Institucionais tentando baixar a temperatura entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Vem com ele também uma tentativa de fortalecer a relação entre Lula e Dilma.


Berzoini chega com a fogueira da CPI da Petrobras acesa e com a presidente em queda nas pesquisas. A hora é difícil. A base de sustentação do governo está desarticulada. A sua sinalização foi ao seu próprio partido: o PT precisa abrir espaço para as demais legendas aliadas. Ele ainda tentará mais “harmonia” com os partidos da base aliada não só no Congresso, mas também nos estados em que concorrem à reeleição e querem ser mais “ouvidos” e atendidos em suas reivindicações.

A grande fragilidade do governo Dilma em suas relações com os aliados é que o pactuado nem sempre é cumprido.

A ex-ministra das Relações Institucionais, atual ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti (PT), era criticada e considerada “fraca”. Mas, na verdade, pagava também por um crime que não cometia. Nesse particular, dois fatores contribuíam. Um era a própria Dilma, muito avessa à “negociação”, tão necessária nas relações entre Executivo e Legislativo. Para agravar as consequências dessa característica da presidente vieram os cortes orçamentários dos tempos de vacas magras.

Na base da CPI da Petrobras, além da oposição, que aproveita o momento para atrair aliados do Planalto mais reticentes, está o descontentamento dos partidos da base governista com a não liberação das emendas parlamentares do Orçamento da União pendentes do ano passado. Este é um ano eleitoral e não há, nas Casas, parlamentares com vocação para o altruísmo.

Berzoini vem para tentar reeditar a aliança que venceu em 2010. Mas o seu poder nas negociações como representante do Executivo é reduzido pelos mesmos fatores adversos encontrados por Ideli Salvatti. Por outro lado, o ministro chega respaldado por aquele que, em caso de uma agonia no quadro de saúde política do governo Dilma, poderá ser o substituto da presidente. Esse é seu maior trunfo... Mas o novo ministro nega essa possibilidade. Sabe que, por ora, a candidata é Dilma.
Caso a equação se altere.

 

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