Brasília – Um dos maiores medos da presidente da República, Dilma Rousseff, é ser lembrada, ao fim da Copa do Mundo de 2014, como a “Angela Merkel” brasileira.
Neste ano, o prêmio de consolação será disputado em Brasília, em 12 de julho. Em ano de eleições, tudo o que a chefe de Estado do país sede não deseja é ver o Brasil jogando na capital do país na véspera da final, marcada para o Maracanã. Se não quiser correr risco de perder popularidade – e votos – Dilma terá de se apegar a alguns tabus, amuletos, e torcer como nunca pela família Scolari. Levando em conta que a Seleção jamais terminou em segundo na fase de grupos e a lógica nas outras chaves, o caminho até o hexa – a partir do mata-mata – pode ter apenas campeões mundiais.
Para sorte de Dilma, a primeira fase promete ser tranquila. O Brasil não é eliminado na etapa de grupos desde a Copa de 1966, na Inglaterra, quando a nação era comandada pelo marechal Humberto Castelo Branco. Impossível imaginar uma tragédia semelhante em uma chave contra Croácia, México e Camarões.
Como respeito é bom e os adversários gostam, a hipótese de queda nas oitavas não deve ser descartada na Copa de 2014. O adversário no primeiro mata-mata pode ser a atual campeã, Espanha, ou a vice, Holanda. Chile e Austrália são os azarões do Grupo B.
As quartas de final são um trauma recente, com eliminações diante da França (2006) e da Holanda (2010), ambas quando o presidente da República era Luiz Inácio Lula da Silva. O inimigo da vez nas quartas pode vir do Grupo D. A chave conta com três campeões mundiais — a tetracampeã Itália, o bi Uruguai, e a campeã Inglaterra.
Nas semifinais, o pesadelo pode ser ainda maior, com possíveis cruzamentos contra a França, carrasco verde-amarelo em 1986, 1998 e 2006, ou a Alemanha, sedenta de vingança depois de perder o título de 2002 justamente para o Brasil.
Se Brasil e Argentina terminarem em primeiro nas chaves e tiverem sucesso ao longo do mata-mata, Dilma assistirá, de camarote, no Maracanã – provavelmente ao lado da amiga Cristina Kirchner –, à final mais esperada da história das Copas. Neste último caso, ela terá de provar ao papa Francisco que Deus é mesmo brasileiro. Do contrário, sentirá na pele a mesma tristeza de Eurico Gaspar Dutra, presidente da República no ano em que o país chorou a derrota para o Uruguai no Maracanazo de 1950. As consequências poderiam ser terríveis nas eleições de outubro. Dilma sabe disso..