Apesar de o voto ser facultativo dos 16 anos até completar 18 anos no Brasil, a estudante do ensino médio Ana Clara Brangioni Furtado de Almeida, de 16, está com “vontade de votar nestas eleições”. A jovem convenceu nesse domingo os pais, a dona de casa Adriana e o bancário Adriano Furtado, a irem com ela tirar o título eleitoral, em pleno domingo, na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), na Avenida Prudente de Morais, 100, no Bairro Cidade Jardim, na Região Sul de Belo Horizonte.
Antes de Ana Clara, cerca de 420 pessoas já haviam sido atendidas no plantão de atendimento do TRE. O prazo para os eleitores regularizarem a situação na Justiça Eleitoral termina na quarta-feira. Por dia, são esperadas de 1 mil a 1,5 mil pessoas nas centrais de atendimento. “O movimento de domingo já surpreendeu. A partir de hoje, as filas vão estar maiores ainda”, afirmou a servidora pública Mardém Alves Luz, recrutada para trabalhar no fim de semana. Minas tem mais de 15 milhões de eleitores. Somente na capital, quase 2 milhões estão cadastrados. Segundo a legislação eleitoral, brasileiros alfabetizados, com idade entre 18 e 70 anos, são obrigados a votar.
Apesar da enorme procura, o atendimento nos 20 guichês não ultrapassou ontem a média de 15 minutos, segundo Ana Clara. “Quero ajudar a escolher quem vai governar nosso país”, sonha a estudante, que ainda não tem candidato (a) à Presidência. Para fortalecer sua decisão, planeja assistir a todos os programas eleitorais. Entusiasmada, segue os passos do pai, mesário desde as primeiras eleições democráticas presidenciais após o fim da ditadura, em 1989. “Antes era mais difícil, era preciso contar as cédulas de papel. Gosto de ser mesário porque vejo que o processo é correto, sem fraudes”, afirma Adriano, agora presidente de mesa.
Do lado de fora, o casal José Geraldo Soares e Sandra Maria dos Santos, de 54 e 55 anos, plastificava o documento. Ele teve o documento roubado e precisou tirar a segunda via do título. Já a mulher, aproveitou a oportunidade para alterar a zona eleitoral do documento do Bairro Fernão Dias para o Bairro Santa Terezinha. “Vai ficar mais perto para votar, pois mudamos de casa e ainda não tínhamos feito a transferência”, explica.
A data-limite de 7 de maio vale apenas para quem precisa tirar o título de eleitor pela primeira vez. De acordo com a legislação eleitoral, o TRE tem até 150 dias antes das eleições para fechar os bancos de dados que vão compor as urnas de votação. “Para aquelas que precisam apenas da segunda via, o serviço funciona normalmente até 10 dias antes das eleições. São casos de documento roubado ou daqueles que querem mudar o nome de casado ou alterar o endereço da zona eleitoral,”, esclarece Helenita Nunes, chefe da Central de Atendimento ao Eleitor do TRE-MG.
Dúvidas podem ser tiradas pelo Disque-Eleitor (148). Em BH, a Central de Atendimento, em Lourdes, e a sede da Avenida Prudente de Morais vão funcionar das 8h às 17h. Também os cartórios do Barreiro de Baixo; do Bairro Santa Mônica, na Pampulha, e o ônibus itinerante de Venda Nova vão atender das 8h às 17h. No interior, o atendimento é das 12h às 18h.
Projetos comuns
Em um encontro ontem com a juventude do Partido Pátria Livre (PPL), no Rio de Janeiro, o pré-candidato a presidente Eduardo Campos (PSB) rechaçou uma aliança com o seu concorrente tucano, senador Aécio Neves, a partir de 2015. “A gente tem projetos que são distintos, e temos base política e social distinta. Isso não impede que tenhamos capacidade de ver o que nos une. Mas oferecemos caminhos diferentes”, afirmou Campos. O vice-presidente do PSDB, Cássio Cunha Lima, minimizou a afirmação do socialista. “O que o governador Eduardo Campos disse é exatamente o que o senador Aécio Neves tem dito: existe um grande espaço comum de atuação das oposições, mas é claro que há diferenças. Até porque, se não houvesse não haveria a necessidade de duas candidaturas”, afirmou.