O ministro da Defesa, Celso Amorim, voltou a defender hoje (5) na Câmara dos Deputados a destinação de pelo menos, 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos dez anos na área de defesa. Em debate sobre projetos estratégicos do setor, o ministro frisou que o país, apesar de pacífico, não está totalmente imune à futuros ataques.
Nos últimos dez anos, segundo o ministro, tem havido um aumento “mais ou menos” constante da execução orçamentária do Ministério da Defesa. Entre 2003 e 2013, as despesas com custeio e investimento passaram de R$ 3,7 bilhões para R$ 18,3 bilhões. “Se consideramos apenas os gastos com investimentos, saltamos de R$ 900 milhões para R$ 8,9 bilhões. Um aumento de quase 1000% no período”, pontuou.
De acordo com Amorim, mesmo com esse aumento, a participação dos gastos com a área de defesa em relação ao Produto Interno Bruto permaneceu no patamar de 1,5%. A média mundial, comparou, é 2,6%. Já nos países que compõem os Brics, excluindo o Brasil, a média é 2,57%.
“Seria razoável, em um horizonte de dez anos, que pudéssemos passar para um percentual aproximado de 2% do PIB. A par do aumento da proporção dos gastos de defesa em relação ao PIB é fundamental que a destinação desses recursos seja estável e previsível”, disse.
O ministro reconheceu, no entanto, que a necessidade de elevar os recursos na área de defesa não pode afetar as políticas socais do país. “Naturalmente, um país como o Brasil, que só agora está erradicando a pobreza extrema, os gastos com defesa são objeto de escrutínio atento pela sociedade e é correto que seja assim. Mas os investimentos em defesa não pretendem competir com outras áreas de ação do governo, especialmente, a social. Mas não podemos perder de vistas que sem a capacidade de defender a nossa soberania não poderemos ter uma sociedade verdadeiramente livre e independente”, alertou Amorim.
Segundo ele, a alocação de mais recursos para a defesa do país deve seguir “o senso de proporção, mas também com visão de mundo”. “O fato de não termos hoje inimigos declarados não nos isenta dos riscos de conflito. Temos o dever de criar condições para que a nossa indústria de defesa prospere e produza frutos”.