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Estado de Minas

Caseiro muda versão sobre morte de coronel; polícia contesta suspeito

Suspeito de participar do assassinato de ex-coronel torturador nega ter confessado crime à polícia. Parlamentares acreditam em queima de arquivo


postado em 07/05/2014 06:00 / atualizado em 07/05/2014 07:23

Randolfe Rodrigues, Ana Rita e Wadih Damous deixam a delegacia depois de conversar com o caseiro (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil )
Randolfe Rodrigues, Ana Rita e Wadih Damous deixam a delegacia depois de conversar com o caseiro (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil )

A Polícia Civil do Rio de Janeiro negou nessa terça-feira a versão que o caseiro Rogério Pires, de 27 anos, suspeito de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães, deu para senadores da Comissão de Direitos Humanos, na capital fluminense. A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da comissão, os senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous, visitaram o caseiro, que está em uma cela na Delegacia Antissequestro, no Leblon, Zona Sul.

Aos parlamentares, o caseiro negou ter confessado à polícia de ter participado do crime, disse não ter advogado para defendê-lo e alegou ser analfabeto. “Ele demonstrou firmeza. Vamos solicitar uma cópia do inquérito e do depoimento dele à Polícia Civil”, disse a senadora. “Ele (o caseiro) é analfabeto e não tem advogado. Vamos pedir um defensor público para ele”, disse Damous.

De acordo com a versão apresentada aos senadores, Pires não participou nem planejou o crime, mas reconheceu os irmãos Anderson e Rodrigo Pires como autores. Segundo ele, os dois chegaram ao sítio, na área rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por volta das 10h no dia do assassinato (25 de abril). Malhães só teria chegado ao imóvel três horas depois. “Durante o assalto, os criminosos teriam se comunicado por telefone com uma pessoa que estava fora da casa”, informou o senador Randolfe Rodrigues. Os parlamentares pedirão proteção para o caseiro e a família dele, além da viúva Cristina Batista Malhães

Após a visita ao suspeito, a comitiva seguiu para a sede da Polícia, no Centro, para tentar esclarecer as versões divergentes em uma reunião a portas fechadas. Ao fim da reunião, o delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Pedro Henrique Medina, afirmou que Pires confessou participação no caso em três momentos. Com relação aos depoimentos tomados sem a presença de advogado, Medina afirmou apenas que durante o inquérito “foram obedecidas todas as normativas do Código de Processo Penal”. Sobre o fato de o caseiro estar desde a semana passada preso em uma delegacia e não em um presídio estadual, o delegado disse que a medida foi tomada “para que se tenha acesso mais fácil ao suspeito”.

“Entendemos que o assassinato de Malhães após seu depoimento (na Comissão da Verdade, em março) tem indícios de que foi em função disso e que ele tinha muitas informações a prestar. Não descartamos a possibilidade de queima de arquivo”, disse Ana Rita. Antes de receber autorização para conversar com o caseiro, o senador Randolfe afirmou que “é evidente a má vontade do estado do Rio com este caso”. Para a senadora, “é fundamental ouvir o preso” porque Pires teve contato direto com Malhães, torturador confesso de presos políticos durante a ditadura militar.

O perito responsável pelo laudo que vai determinar a causa da morte do coronel pediu mais 10 dias de prazo para conclusão.

 

Mulher está sem notícias desde prisão

A mulher do caseiro Rogério Pires, Marcilene dos Santos, de 21 anos, afirmou ontem que não consegue obter informações sobre o marido por parte da Polícia Civil do Rio. Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela se diz desamparada por parte do poder público e não acredita que Pires tenha participado do crime. Marcilene confirmou ainda que o marido é totalmente analfabeto. “Fiquei sabendo da prisão pela TV e a última vez em que falei com Rogério foi quando a polícia esteve em nossa casa para levá-lo a depor. Ele era apenas testemunha e à noite disseram que havia participado do crime. Desde então não nos falamos mais”, disse.

Marcilene procurou o marido na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e no presídio de Bangu. “A polícia não informa onde ele está”, disse. O delegado Pedro Medina disse que Pires foi autorizado a telefonar para a família depois de ser preso. “Tanto ele falou com a família que os dois irmãos dele que são suspeitos desapareceram, sumiram do mapa.”

Pires e Marcilene e um casal de filhos, de 2 e 3 anos, moravam com os pais dela. Ela alega que a família não tem condições de contratar um advogado e que o salário do marido está fazendo falta à família. Pires ganhava R$ 200 por semana de Malhães. A casa está sendo mantida com os R$ 235 que ela recebe do Bolsa-Família e dos R$ 400 que da pensão do pai. Ela declarou que não havia motivos para o roubo, porque Malhães gostava muito do caseiro e da família dele. “Ele chamava nossa filha de neta.”


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