A presidente Dilma Rousseff usou boa parte do jantar que ofereceu a dez jornalistas mulheres de jornais e TV para defender de forma enfática a política econômica de seu governo, assegurando que "a inflação está sob controle", mas reconhecendo que "isso não quer dizer que está tudo bem". Para a presidente, este "efeito inflação", no entanto, "não explica o mal estar" e o "mau humor" que existe hoje no país, que tem sido alimentado por vários setores e a oposição, que falam em "tempestade perfeita" e preconizam que em 2015 o Brasil vai explodir. "É absurda esta história de dizer que vai explodir tudo em 2015. É ridícula", reagiu a presidente negando que em 2015 vá ocorrer um tarifaço e o Brasil terá sérios problemas econômicos. E rebateu: "O Brasil vai é bombar".
Na avaliação da presidente, este mau humor tem a ver com o momento eleitoral. "Nunca vi campanha eleitoral sem mau humor", comentou ela, depois de justificar que "tem uma coisa que explica o mau humor, que é a comparação entre a taxa de crescimento de bens e de serviços". Em seguida, passou a fazer comparações com governo o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, responsabilizando-o por hoje o Brasil estar enfrentando problemas na área de serviços. "Quem me critica, esqueceu. Tem memória curta porque estoque de bens é de agora e de serviços é acúmulo do passado", afirmou se referindo a investimentos que não foram realizados em governos anteriores e que estariam apresentando agora seus reflexos, com a população sentindo e cobrando.
Dilma não deixou de criticar também os dois principais adversários na campanha eleitoral, sem, no entanto, citá-los nominalmente. Sobre Aécio Neves, do PSDB, ironizou: "tem gente defendendo medidas impopulares. Só tem que ter cuidado para que medida impopular não se transforme em antipopular". No caso de Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, reagiu à sua proposta de redução da meta de inflação. "Aí vem uma pessoa e diz que a meta de inflação é 3%. Faz uma meta de inflação de 3% e sabe o que isso significa? Significa desemprego lá pelos 8,2%. Eu quero ver como mantém investimento social e investimento público em logística com este esta meta. Não tem como fazer isso".
Ao reiterar o discurso que "estamos vivendo a pior crise desde 1929", a presidente Dilma comparou o Brasil ao resto do mundo. "Estamos nos saindo muito bem, diante da conjuntura mundial", disse ela, ressalvando, no entanto, que "não é que estamos muito bem". Ela lembrou que existem sinais de estagnação no mundo, que considera "graves" mas que há uma "má vontade" em relação a esta questão. Dilma citou que todos consideram que a economia está em "alta recuperação", mas ela não chega a crescer 0,1% e ninguém acha, por isso que é o caos ou o mundo caiu. Mas, "se acontecer aqui, o céu estará caindo sobre minha cabeça".
Segundo a presidente, "inflação é nociva em qualquer grau", consertando, em seguida a observação ao citar que alguns países da Europa estão ameaçados pela deflação. "A deflação é um horror. É um pavor", disse ela, reconhecendo, entretanto que "o maior problema da inflação é a indexação".
Imposto
Ao contrário do que disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no fim de semana, de que há uma previsão de aumento de tributos sobre bens de consumo para cumprir a meta de superávit fiscal deste ano, de 1,9% do PIB, a presidente avisou: "não vai ter aumento de imposto". Para ela, o ministro da Fazenda "falou em tese". E tentou minimizar: "não sei em que circunstâncias ele falou. Às vezes a gente escorrega em casca de banana". A presidente negou ainda que o governo esteja preparando um "pacote de bondades" para atender a classe média.
Na conversa com as jornalistas, a presidente recusou-se a comentar a possibilidade de substituição de Guido Mantega pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. "Não cogito nada", reagiu ela ao ser indagada sobre a possibilidade de mudança. "Não é possível responder certas coisas", completou.