Sem integrar nenhuma das três CPIs que serão instaladas nas próximas semanas - duas da Petrobras, uma exclusiva do Senado e outra mista; e mais uma do Metrô -, Aécio Neves corre para consolidar "um discurso profissional" e arrematar os apartes de seus representantes na comissão que vai investigar a estatal, de forma que as atuações tenham uma conexão direta com a campanha tucana à Presidência. Enquanto isso, o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, tem orientado seus aliados a traçar rumos independentes, numa continuidade do discurso de descolamento dos tucanos adotado pelo pessebista nessa semana.
O Palácio do Planalto quer remover a imagem de que o PT é contra investigar a Petrobras e, para isso, tem orientado seus soldados a tomar a dianteira na apresentação de requerimentos. Nessa linha de atuação, integrantes do partido da presidente devem apresentar pedidos de convocação de nomes ligados à estatal, como a presidente Graça Foster, o antecessor, José Sérgio Gabrielli, e o ex-diretor Internacional, Nestor Cerveró. Em contrapartida, a oposição ameaça pedir quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico desses e outros personagens envolvidos nas denúncias contra a Petrobras, como o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa.
Se o time de Aécio pesar a mão, a reação será imediata. "É lógico que ninguém quer chamar o Serra para depor na CPI do Metrô. Mas se o clima começar a ficar mais tenso que o previsto na outra (da Petrobras), vamos apelar para os nomes políticos", disse um aliado de Dilma.
Do lado do PSDB, a ameaça de ver desgastados nomes do partido com a CPI do Metrô já começou a ditar mudanças de postura. A sessão do Congresso de quarta-feira, na qual o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu as indicações para a comissão mista da Petrobras, contou com poucos tucanos. Aécio apareceu, mas sequer se posicionou. Justificou sua passividade alegando que o objetivo da sessão já estava encaminhado. "A oposição quer usar a imprensa para fazer um sangramento cada vez maior da presidenta. Nenhum dos dois lados quer CPI", avaliou o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).
A oposição vai tentar se defender a qualquer custo na comissão do Metrô e, com isso, pode ceder às pressões na comissão que investiga a estatal. Tentando se afirmar como uma terceira via, Eduardo Campos orienta uma atuação independente. "Nossa atuação será de fazer uma apuração sem um cunho exclusivamente político e eleitoral", disse o representante do PSB na CPMI da Petrobras, deputado Júlio Delgado (MG). A postura dos correligionários de Campos deve ser a mesma nas duas CPIs, já que a avaliação é de que nenhuma delas têm poder de fogo suficiente para atingir o presidenciável..