Brasília – O Ministério Público Federal (MPF) vai passar um pente-fino nas transações financeiras da Petrobras feitas a partir de contratos firmados para a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ontem, a Justiça Federal do Paraná decretou a quebra de sigilo desses dados, a pedido do MPF, que investiga denúncias de superfaturamento da obra. As supostas irregularidades também estão na pauta das CPIs do Senado e do Congresso sobre a petrolífera, que, em meio a brigas entre oposição e governo, ainda não saíram do papel.
A Justiça também decretou, no mesmo despacho, a quebra de sigilo bancário do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Preso na Operação Lava a Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março, o ex-diretor é considerado um dos chefes da quadrilha acusada de lavar dinheiro no exterior. Costa é réu em duas ações. A primeira, por lavagem de dinheiro. Na outra, ele e parentes terão de responder à acusação de terem destruído documentos que poderiam ter sido usados como provas nas investigações.
A Petrobras disse, em nota, que “ainda não foi intimada da decisão”. “De toda forma, reafirma seu compromisso de continuar colaborando com o Poder Judiciário para esclarecimento dos fatos”, diz o texto. Já o Grupo Sanko-Sider informou que “repudia veementemente as ilações que vêm sendo feitas e reafirma total transparência, legalidade e legitimidade de seus negócios, o que será comprovado por essas anunciadas averiguações”. O CNCC disse que “não praticou nenhuma irregularidade”.
CPI
A oposição boicotou formalmente a CPI do Senado sobre a Petrobras ao não indicar integrantes para o colegiado ontem. Os adversários da presidente Dilma Rousseff vão apostar na instalação da CPI mista do Congresso, que inclui a Câmara, sobre o tema. “Não faz sentido ter duas comissões sobre o mesmo assunto. Os deputados querem participar das investigações. Então, tem de ser a CPI mista. O governo quer a CPI do Senado para torná-la chapa branca”, diz o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
Agora, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem até a próxima quarta-feira para indicar os oposicionistas ao colegiado. “Se a oposição quisesse, de fato, fazer uma investigação política, já teria dado os nomes para as CPIs do Senado. O interesse da oposição não é fazer investigação política, é fazer o debate eleitoral, é fazer a discussão eleitoral”, reclamou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Na noite da última quarta-feira, Renan leu documentos de instalação de duas CPIs mistas: uma sobre a Petrobras e outra sobre o metrô de São Paulo. A última foi proposta pela base governista para desgastar o PSDB, uma vez que pode atingir políticos do partido, que são acusados, em São Paulo, de fazer parte de esquema de cartel e propina para a construção do metrô.