Nem todo estudante brasileiro come mal. Pelo menos é o que se verifica no cardápio da Escola Judiciária do Mato Grosso do Sul – voltada para a formação de juízes e cursos de qualificação. A presidência do Tribunal de Justiça assinou no ano passado um contrato de R$ 201 mil para custear cafés, almoços, jantares e coquetéis realizados pela escola. O cardápio incluiu pratos de dar água na boca de qualquer um: peixes ao molho de maracujá, com camarão, molho tailandês, amêndoas e salada de bacalhau. Além disso, o contrato inclui canapés, salgadinhos, sanduíches, carnes, massas e bebidas em geral, como sucos, refrigerantes, água mineral e café. O gasto foi aprovado a despeito de os magistrados terem direito a uma diária de R$ 600 para participar de cursos de aperfeiçoamento.
No Judiciário, são vários os exemplos de “boa mesa”. O Tribunal de Justiça de Alagoas assinou no ano passado contrato para lanches aos magistrados e integrantes do Tribunal de Júri – que são obrigados a ficar sob os cuidados do Judiciário enquanto durar o julgamento, sem poder voltar para casa. Na lista de alimentos, cheeseburguer, hambúrguer, misto e queijo quente, salada de frutas, sucos e refrigerantes. No TJ mineiro, os magistrados têm direito a biscoitos variados, sucos, achocolatados, iogurte, leite desnatado e integral, queijos, refrigerantes, carne, linguiça, frango e gelatina.
Os cardápios são tão bons que alguns servidores querem o mesmo benefício. É o caso dos funcionários do TJ de Goiás. No último dia 30, o Sindicato dos Servidores e Serventuários da Justiça do Estado de Goiás (Sindjustiça) encaminhou à direção do órgão um documento em que pedem lanche para os funcionários, “assim como ocorre com os magistrados”. Eles já até receberam uma resposta positiva. Foi liberada para os servidores uma merenda diária com pão, leite, café e chá. Bem diferente daquela servido aos 22 desembargadores: sucos, frutas, biscoitos, bolos, croissant, pão de queijo, etc. “Nós nem tivemos a pretensão de pedir o mesmo lanche dos desembargadores, pois sabíamos que aí não íamos ter sucesso. Já ficamos felizes de voltar o pão com leite”, contou uma sindicalista.