Jornal Estado de Minas

Consumo maior não reduz desigualdade social, critica FHC

"Chamar de classe média o aumento do consumo e renda não tem consistência", argumentou o expresidente Fernando Henrique Cardoso

São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) afirmou nesta terça-feira que há uma espécie de "rancor" hoje no Brasil.
"Ônibus são queimados todas as noites, a população está irada por um conjunto de fatores", afirmou. FHC participa de evento comemorativo dos dez anos do seu instituto, em São Paulo, com a participação dos ex-presidentes Felipe González, da Espanha, Ricardo Lagos, do Chile, Julio Sanguinetti, do Uruguai, e Jorge Castañeda, ex-ministro das Relações Exteriores do México.

No painel "Alternativas para a América Latina em tempo de escolhas", FHC criticou o atual modelo, que prioriza o consumo, mas não reduz as desigualdades sociais. "Chamar de classe média o aumento do consumo e renda não tem consistência", argumentou. Nas críticas, o ex-presidente tucano citou o setor energético, lamentando que o atual governo tenha colocado um freio numa alternativa real, que é o etanol.

Fernando Henrique frisou que os atuais problemas geram as angústias que levam às manifestações, e citou que há uma espécie de valorização, na América Latina, de modelos autoritários estatizantes, que parecem avançar na comodidade social, mas sem autonomia. Segundo ele, tais "avanços" são custeados com recursos públicos.

FHC voltou a falar também sobre a Venezuela, dizendo que "é escandaloso que não haja uma reação maior ao que ocorre" naquele país..