"Existe um processo de financiamento de campanha que tem de ser aprimorado. Tem de ter transparência, saber quem apoiou quem. Tenho direito, como eleitor, de saber isso", afirmou Adams. "Não adianta proibir".
Ele destacou que a "democracia tem um custo" e que não podem ser considerados absurdos os gastos de R$ 266 milhões nas três principais campanhas de 2010 nem a estimativa de que esse valor pode chegar a R$ 500 milhões neste ano.
Adams defendeu ainda que a discussão sobre voto obrigatório pode ser mais interessante para fomentar o debate sobre participação popular na política porque isso obrigaria os candidatos a despertar nos eleitores o desejo de votar.
Adams disse ver "desuso" nos mecanismos da legislação eleitoral que tentam evitar campanha antecipada. "Os mecanismos de limitação que a nossa lei eleitoral vem adotando vêm caindo em desuso.
O colunista do jornal O Estado de S. Paulo, José Roberto Toledo, participou da mesa com o ministro e concordou com ele que o fim das doações privadas não contribuirá para melhorar o sistema. "Na prática, a empreiteira põe dinheiro em todas as candidaturas e vai continuar tentando influir. Se vai ser com caixa dois, um monte de laranjas para doações de pessoas físicas, nisso a criatividade brasileira sempre nos surpreende", afirmou.
Toledo observou que cerca de 40% dos recursos nas campanhas são públicos porque são repassados aos candidatos pelas legendas e têm como origem o fundo partidário. Destacou ainda que a possibilidade de intermediação de doações pelos partidos, a chamada doação oculta, dificulta a identificação de quem contribuiu com qual candidato. "O problema é que o dinheiro entra num labirinto e não sabe se dizer por onde entrou e saiu. A grande falha na prestação de contas é deixar de identificar origem, quem financiou e quanto foi gasto", disse.
Toledo destacou os avanços na legislação brasileira sobre acesso a informação, mas fez críticas à forma como o poder público tem divulgado informações. Destacou publicações em formatos que não permitem busca, como arquivos em PDF, e a divulgação de muitas informações com o objetivo de tirar o foco. "Hoje a maneira de ocultar não é impedir o acesso, é esconder numa pilha monstruosa de dados. É misturar o som com o ruído", disse.
O diretor da sucursal de Brasília da revista Época, Diego Escosteguy, manifestou preocupação com a qualidade das informações na internet. "O acesso à informação numa era que está adentrando na internet e massificação é um acesso também à desinformação.