O líder Yssô Truká, indignado, comandou uma dança Toré, de protesto, no quilômetro 27 da BR-843, a cerca de 3 quilômetros do local visitado pela presidente. Ele "pediu postura e respeito do governo em relação à comunidade indígena" e defendeu que o Brasil seja passado a limpo. "O poder judiciário deveria meter todo mundo na cadeia, inclusive a presidente Dilma. Quem cala consente."
Contrário à transposição do São Francisco desde o seu anúncio, ele defende "políticas públicas que realmente ajudem o povo. A transposição só atende o agronegócio e os barões.
A comunidade Toré em Cabrobó vive na ilha de Assunção, com uma população de 6 mil pessoas, a maioria da etnia.
Populares também se manifestaram contra o governo, liderados pelo funcionário público estadual Elió Enai Dias, 25 anos. Ele cobra promessas do governo federal em relação ao município, anunciadas desde 2005. As mesmas cobranças e pleitos foram entregues pelo prefeito de oposição, Auricélio Torres (PSB), à Casa Civil, para que chegassem às mãos da presidente. O prefeito estava indignado, porque não teve oportunidade de falar no evento.
O cacique Truká, vereador Neguinho Truká (PSB), criticou o forte aparato de segurança, que eles consideram desnecessário. "Proibir o povo de se aproximar é um absurdo", disse. O cacique foi contrário à transposição, mas, diante do fato consumado, ele torce para que a água chegue realmente a quem precisa e que o Rio São Francisco seja revitalizado. Ele lembrou que parte da população de Cabrobó, embora viva perto do rio, não vai se beneficiar com a água da transposição.
O prefeito de Cabrobó e o vereador Truká negociaram com o líder indígena que comandou a interdição da BR, que aceitou iniciar a liberação da rodovia. O prefeito garantiu que se as reivindicações do município, que também são as dos índios, não forem atendidas ele mesmo irá liderar um protesto na cidade..