Brasília – O PT apresentará nesta quinta-feira a propaganda partidária de 10 minutos com um jogral entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltando os avanços do país nos últimos 12 anos. A expectativa é saber se o tom sombrio e a tática do medo adotados na inserção de um minuto veiculada na noite de terça-feira nortearão o novo programa. Ao longo da quarta-feira, a apresentação petista ainda era alvo de questionamentos até mesmo de aliados da presidente, que aprovaram o discurso, mas consideraram a peça muito melancólica, o que revela a existência de uma discordância interna com a estratégia adotada pelo marqueteiro João Santana.
Convidados nessa quarta-feira para uma sabatina durante a Marcha dos Prefeitos, os pré-candidatos do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos, repetiram as críticas feitas na véspera. “Depois de 12 anos no poder, é isso que o PT tem a oferecer ao país? O medo, a desesperança? É o sinal de um governo que está em seus estertores”, declarou o tucano. À reportagem, ele usou de ironia. “Os petistas estão, sim, com medo de perder o emprego dos companheiros”, provocou. Aécio acrescentou que não há riscos de o PSDB extinguir o Bolsa-Família. “Mas a diferença entre nós e eles é que, para o PSDB, o Bolsa-Família é o ponto de partida. Para o PT, é ponto de chegada”, disse.
Eduardo Campos também atacou o tom pessimista da propaganda petista, lembrando que, em períodos eleitorais, aparecem pessoas dizendo que se “alguém for eleito, fará determinada coisa, e se outra pessoa for eleita, não fará”. O socialista foi incisivo ao dizer que, assim como a política de valorização do salário mínimo, as leis trabalhistas e a aposentadoria para os trabalhadores rurais, o Bolsa-Família não será extinto porque está “enraizado como uma conquista do povo brasileiro”.
Incoerência
Na avaliação de parlamentares da oposição, a propaganda é incoerente com o momento histórico do país. “O PT subestima a inteligência do povo brasileiro. Vem com um programa partidário eleitoral que mais parece o de um partido que não está e nunca esteve no poder. Ele vem com um discurso de que vai resolver os problemas do Brasil e de que são os outros que estão fazendo mal para o país. O PT esquece que ele está há 12 anos no poder”, disse o líder da minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).
O líder do DEM na Casa, Mendonça Filho (PE), caracterizou a peça como “tática do desespero”. “Está claro que o governo está absolutamente desesperado. Toda a estratégia de campanha (da presidente Dilma Rousseff) agora passa por aterrorizar a população brasileira, é o chamado vale tudo. O governo não tem mais argumentos, e quem não tem o que mostrar parte para esse tipo de tática.”
Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o próprio debate gerado pela propaganda mostra que o partido acertou na estratégia. Sobre o tom sombrio da peça, ele acha que a tendência é um crescente de otimismo nas próximas inserções. “Eles estão querendo sepultar o que fizemos ao longo destes 12 anos. Não estamos incutindo o medo, apenas mostrando que a campanha deles se baseia em propostas vazias”, completou Costa.
Substituição
A ministra Laurita Vaz, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou ontem que o PT substitua a propaganda partidária que começou a veicular no último dia 6, na qual a presidente Dilma destaca feitos do governo federal. A magistrada suspendeu, imediatamente, a exibição das inserções, mas permitiu que o partido substitua a peça por outra na propaganda que irá ao ar hoje. Para Laurita, a legenda sugere “a ideia de continuidade” das mudança apontadas na peça.
Aliança
O vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou ontem que é pré-candidato na chapa da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Após reunião da Executiva Nacional de seu partido em Brasília, ele sinalizou que a costura das alianças no plano nacional está pacificada para oficializá-lo no mês que vem vice de Dilma novamente. “Para não fazer campanha antecipada, é bom dizer: sou pré-candidato. Só serei candidato quando legalmente a convenção assim decidir. Isso só será em 10 de junho”, disse. Segundo ele, apenas representantes do Ceará e do Rio de Janeiro fizeram objeções à aliança com Dilma. Ainda ontem, os presidentes dos diretórios regionais do PMDB de Minas Gerais e de São Paulo formalizaram o apoio à permanência do vice-presidente na chapa.
Colaborou Diego Abreu