A construção da Linha 3 do metrô de Belo Horizonte, cujo projeto foi entregue quinta-feira pelo governo de Minas à Caixa Econômica Federal para análise e aprovação, vai transportar mais passageiros que a atual Linha 1 em operação.
Segundo estudo da Metrominas, atualmente são 210 mil passageiros por dia embarcando e desembarcando nas 19 estações distribuídas em 28 quilômetros do trecho que liga o Bairro Eldorado, em Contagem, à Estação Vilarinho, em Venda Nova, na capital. Com a Linha 3, que vai da Estação Lagoinha, no Centro, à Savassi, percurso de 4,5 quilômetros subterrâneos, serão 225 mil passageiros por dia, incluindo as pessoas que farão o deslocamento da Linha 1 para a 3. A Estação Lagoinha terá um pátio de manobra dos trens e até a Savassi serão quatro estações: Praça Sete, Palácio das Artes, Estação Tiradentes e Savassi. O valor da obra é de R$ 2,6 bilhões e a previsão é que fique pronta em 2017.
A vendedora Valéria Palhares, de 39 anos, já imagina como a sua vida será mais fácil com o metrô na Savassi. “Moro no Vera Cruz e trabalho na Savassi. Pego dois ônibus. Eu poderia pegar um ônibus só até a Estação Santa Efigênia e embarcar no metrô para a Savassi.
Hoje, gasto 50 minutos para chegar ao trabalho. Quando tem manifestação, a viagem demora mais de duas horas. Com o metrô, ninguém iria me fazer chegar atrasada”, disse Valéria. A administradora Leandra Roque, de 31, mora no Bairro Bonfim, Região Noroeste, e conta que passaria a frequentar mais a Savassi se houvesse metrô até lá. “Iria desafogar o trânsito no Centro, que está um caos”, disse Leandra. O garçom João dos Santos, de 35, acha que gastaria a metade do tempo para chegar ao trabalho se houvesse o metrô Savassi. Ele mora no São Benedito, em Santa Luzia, Grande BH, e pegaria um único ônibus até a Estação Vilarinho do metrô. “Chegaria à Savassi sem trânsito, sem nada”, reforça.
A administradora Leandra Roque conta que passaria a frequentar mais a Savassi se o metrô chegasse até lá - Foto: Beto Magalhães/EM/D.A.PressNa Savassi, a expectativa dos comerciantes é grande. “O movimento de pessoas iria aumentar e as vendas também”, acredita o comerciário Antônio Carmargos, de 71, funcionário de uma loja no cruzamento das ruas Pernambuco e Fernandes Tourinho, exatamente onde haverá uma estação do metrô. “O bom é que a escavação será subterrânea e não teremos mais quebradeira. Já sofremos demais com as obras de revitalização da Savassi”, disse Antônio, que vê outra vantagem. “Moro no São João Batista, em Venda Nova, e pegaria o metrô perto da minha casa e sairia na porta do meu trabalho. Mas será que até lá estarei vivo? Há quanto tempo que eles falam que esse metrô vai chegar à Savassi e nunca chegou?”, questiona.
A estudante de arquitetura Luíza Patrus, de 22, mora no Belvedere, Região Centro-Sul, e mesmo não sendo atendida pelo metrô acha que será beneficiada com a Linha 3.
“A gente perde muito tempo no trânsito. Com mais gente andando de metrô, as ruas teriam menos carros e ônibus. Estudo urbanismo e vejo que cidades da Europa já passaram por várias mudanças e o caminho é esse: metrô subterrâneo”, comentou Luíza.
Prioridades Mas há quem seja contra o metrô na Savassi por achar que outras regiões são mais carentes do transporte público. “A Savassi deveria ficar para depois. A maior movimentação na Savassi é de gente que mora próximo. A região do Barreiro deveria ter prioridade”, disse o músico Geraldo Paim, de 31. A professora Daise Diniz Silva, de 36, escolheria a Região Noroeste. “O metrô deveria passar pela Rua Padre Eustáquio e atender bairros como Alípio de Melo, Pindorama e Castelo. Todo dia você demora duas horas para chegar ao Centro”, reclama Daise.
A professora Amália Aurealvez Tótaro, de 62, defende que a Linha 3 continue em direção à região Noroeste, fazendo uma espécie de “cruz” com a Linha 1, segundo ela.
A Metrominas informou que também há projeto de estender a Linha 1 em 1,7 quilômetro, que seria a Linha 2, do Bairro Eldorado ao Novo Eldorado, em Contagem, com mais duas estações. Com as novas linhas previstas no PAC da Mobilidade, a demanda prevista para o metrô deverá ser de 1,3 milhão de passageiros por dia. Nos horários de pico, o carregamento máximo por sentido giraria em torno de 40 mil usuários na Linha 1, 20 mil na Linha 2 e 35 mil na Linha 3.
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