Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES

Três brigam pela vaga no PSB em Minas

Além do ambientalista Apolo Heringer e do deputado federal Júlio Delgado, o pai deste último,Tarcísio Delgado, entrou na disputa para ser o candidato a governador de Minas pelo partido

Alessandra Mello
No primeiro Congresso da Rede, em Brasília, Marina defendeu a candidatura própria do PSB em Minas - Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press - 4/4/12
O PSB tem mais um nome para a disputa pelo governo do estado. Além do coordenador da Rede em Minas, o ambientalista Apolo Heringer, e do presidente do PSB mineiro, deputado federal Júlio Delgado, o nome do ex-deputado federal Tarcísio Delgado (PSB) também passou a ser avaliado. Filiado ao PMDB durante 46 anos, Tarcísio , agora socialista, é pai de Júlio Delgado. A informação foi dada ontem pela ex-senadora Marina Silva, candidata a vice-presidente na chapa do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). O que vinha sendo ventilado nos bastidores era que o deputado federal Júlio Delgado estudava sair candidato a governador e indicar seu pai para disputar uma vaga na Câmara de Deputados. Segundo ela, as conversas em torno da candidatura própria no estado prosperaram e o partido precisa definir agora qual dos três será o candidato. A Justiça Eleitoral não autorizou o pedido de registro partidário da Rede por falta de assinaturas de apoio suficientes, então Marina e seus apoiadores se filiaram ao PSB para poder participar da eleição.

“No caso de Minas Gerais eu defendo a candidatura própria e o nome de Apolo”, afirmou Marina, que participou ontem em Brasília do 1º Congresso da Rede Sustentabilidade. Segundo ela, o partido precisa ter o maior número possível de candidatos no estado para dar suporte à campanha nacional.
Apesar de defender Apolo, ela disse que a Rede não vai fazer nenhuma pressão para que o nome do ambientalista seja aprovado. Segundo Marina, o partido não trabalha “na lógica da pressão” e sim no convencimento.

A candidata a vice negou que haja em curso um acordo para que a Rede aceite uma composição com o PSDB em São Paulo em troca da aprovação do nome de Apolo em Minas. Esse acordo garantiria para Campos maior visibilidade em São Paulo e em Minas Gerais, estados onde o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, leva vantagem em relação ao ex-governador de Pernambuco. Em São Paulo, o PSB quer lançar o presidente da legenda no estado, deputado federal Márcio França, como candidato a vice do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa a reeleição. No entanto a Rede no estado é contra essa aliança.

Marina garante que em São Paulo já é vitoriosa a tese da candidatura própria e que o partido está discutindo nomes, inclusive com o PPS, que quer lançar o vereador Ricardo Young. A Rede defende o nome do ambientalista João Paulo Capobianco. A ex-senadora disse que as discussões sobre quem serão os candidatos estão em curso e serão definidos até julho, prazo final das convenções. Segundo ela, já estão acertados candidatos próprios em 14 estados. O encontro de ontem não tratou de questões dos estados e sim de um plano geral para a campanha.

Os nomes dos Delgado – pai e filho – não contam com a simpatia dos integrantes da Rede em Minas, que apelidaram as duas candidaturas de laranjas, e nem com o apoio de algumas lideranças do PSB, que defendem o nome de Apolo. Do outro lado, parte do PSB também não quer que o candidato seja Apolo, por isso lançaram o nome de Júlio Delgado. Caso não haja acordo, o candidato vai ser escolhido em convenção. Um pedido para que seja criada uma comissão para estabelecer as regras da convenção já foi protocolado pela Rede na direção do PSB mineiro.

Diferenças
Marina disse de novo que o PSB não aceita ser tratado como linha auxiliar da candidatura de Aécio e que o primeiro turno das eleições vai deixar bem claro para os eleitores as diferenças entre as duas propostas. Para ela, a polarização entre o PT e o PSDB acaba por “fulanizar” as conquistas recentes do país.
Como exemplos, Marina citou a conquista da estabilidade econômica e os avanços sociais, que devem deixar de ser dos partidos para serem entendidos como da população. “Nada de grandioso foi feito por uma pessoa ou por um partido. A nossa democracia foi uma conquista de vários partidos e de vários segmentos da sociedade”, disse.

Mesmo sem ser um partido formal, a Rede se reúne neste fim de semana em Brasília para discutir a conjuntura e tática eleitoral para 2014, além da política de organização nacional e a estrutura da Rede. A legenda também irá escolher os membros do diretório nacional, Executiva e da Comissão de Ética..