Sem preocupação com amarras ideológicas – que, aliás, são tênues para a maior parte dos 32 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, as chamadas “dobradinhas” para as eleições proporcionais são uma questão de sobrevivência política para os prefeitos e para os deputados.
Embora a presença do poder econômico nas eleições para a Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados tenha diluído parcialmente a polarização de grupos que historicamente se enfrentam em pequenas cidades, ainda há grande presença dos laços pessoais entre prefeitos e parlamentares. “O quadro partidário nacional não traduz fielmente as disputas locais”, avalia o presidente estadual do PSDB e deputado federal Marcus Pestana. “Há disputas entre famílias ou grupos políticos que são empurradas por décadas, que no período anterior ao golpe de 64 foram consolidadas entre a UDN e o PSD”, acrescenta.
Como os dois lados precisam demonstrar “força” junto à população, elegendo os deputados majoritários da localidade, os deputados escolhidos para receber o apoio são considerados pela proximidade que se constrói ao longo do mandato. São laços de clientela: o parlamentar tem de mostrar serviço, levar convênios, programas, pequenas obras, intermediar a solução de demandas junto aos governos federal e estadual, até para fortalecer politicamente o prefeito nas próximas eleições.
Nesse processo de escolha dos prefeitos, às vezes há coincidência de indicação de deputados estadual e federal ou candidatos da mesma base política no estado ou no plano federal.
Por conta do ecletismo ideológico das composições dos apoios nos municípios às eleições legislativas, a disputa pelos votos frequentemente não se mistura com as eleições majoritárias. “Procuro não me intrometer na escolha sobre quem apoiar dos líderes políticos locais. Mas faço uma única ressalva: só subo em palanques que pedem votos para os candidatos majoritários do PSDB”, afirma o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB)..