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Estado de Minas ELEIÇÕES 2014

Eventuais falhas e problemas na Copa do Mundo devem pressionar disputas estaduais

Mobilidade urbana e a capacidade das forças policiais de evitar tumultos e vandalismo durante as partidas da Copa terão peso decisivo no humor dos eleitores em outubro


postado em 18/05/2014 00:12 / atualizado em 18/05/2014 07:33

Brasília – A Copa do Mundo, que inclui o resultado dentro do campo e problemas ou acertos fora dele, não vai influenciar apenas a disputa presidencial entre Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), os principais postulantes ao Palácio do Planalto em outubro. O Mundial também pode impactar nas disputas para os governos estaduais das 12 cidades que sediarão os jogos: Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Mato Grosso, Distrito Federal e Amazonas.

Pelas ruas delas circularão os torcedores e turistas, utilizando os metrôs, BRTs (Bus Rapid Transit) ou VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos). Os candidatos à reeleição – são quatro ao todo –, aqueles que são apoiados pelos atuais governadores e os oposicionistas poderão ser beneficiados ou prejudicados pela boa ou má sinalização das cidades. E mais do que isso, estará sob rigorosa análise da população a capacidade das forças policiais em garantir a segurança contra assaltos e coibir a ação dos black blocs nas manifestações públicas garantidas em ambientes democráticos.

Este último ponto, na avaliação de especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, é o mais nevrálgico. Além de ser uma missão constitucional, a segurança pública é encarada pelos cidadãos como uma responsabilidade do governo estadual, com os aparatos das polícias Militar e Civil. Em muitas situações, como aconteceu no Rio de Janeiro, por exemplo, a administração estadual pediu ajuda da Força Nacional de Segurança após o recrudescimento da violência nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Mas, no geral, ela é responsabilidade do governo local. A onda de violência que atingiu Recife após dois dias de greve da Polícia Militar assustou o país. O fenômeno já havia acontecido há dois anos, quando a polícia baiana cruzou os braços às vésperas do Carnaval, abalando a confiança dos eleitores no governador Jaques Wagner. "Se as coisas fugirem do controle, as pessoas vão pensar: se isso acontece durante a Copa, o que não acontecerá depois dela, quando deixarem de prestar atenção na nossa cidade?", afirmou o professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Guaracy Minguardi.

Guaracy reconhece que o risco de movimentos grevistas no período dos jogos é grande, sobretudo por ser o momento ideal para os servidores pressionarem o poder público em busca de melhores salários. Isso aconteceu durante a greve em Salvador, mas, agora, o potencial de estrago torna-se ainda maior, pela proximidade entre os jogos e as eleições de outubro.

Para o professor de ciências políticas Octaciano Nogueira, os eventos que acontecerem durante a Copa do Mundo terão poder circunscrito aos locais em que ocorrerem. Ele acredita que, sem dúvida, o peso do Mundial será sentido de forma muito mais aguda nas eleições nacionais, já que serão avaliadas questões como estádios, aeroportos e deslocamento de turistas pelas 12 cidades-sede. "Isso tem a ver com o ambiente e o humor geral dos brasileiros", declarou Octaciano.

Ele reconhece, no entanto, que os problemas locais poderão atrapalhar a vida dos candidatos. "Se a Copa der errado, atrapalhará Dilma, por exemplo. Mas se tivermos problemas de segurança na Bahia, isso não será levado em conta pelos eleitores de Pernambuco", exemplificou.

Mobilidade Embora a segurança seja o principal tema nas disputas estaduais envolvendo a Copa, os eleitores também avaliarão se os governantes investiram de maneira adequada os recursos em mobilidade urbana. Em todos os estados, os candidatos à reeleição e aqueles que contam com o apoio dos atuais mandatários estaduais empenham-se para provar, em mensagens publicitárias, que deixarão de fato um legado urbanístico e viário para o futuro e em condições de ser avaliado em outubro. "Se os meios de comunicação não forem eficientes, a população saberá de quem cobrar", completou o cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Rui Tavares Maluf.

Rui Maluf lembra que o cronograma de entrega das obras, caso esteja atrasado, também terá peso decisivo nas eleições. Todas as 12 cidades-sede transformaram-se em imensos canteiros, especialmente no tocante às intervenções de mobilidade urbana. Os transtornos e engarrafamentos foram – e em muitos estados continuam sendo – inevitáveis, irritando pedestres e motoristas.

O cientista político, contudo, retornou ao tema segurança pública, mas sob um prisma ideológico e político. "PT, PMDB e PSDB foram os principais partidos que lutaram pela redemocratização do país após anos de ditadura. Se as forças policiais sob o comando deles forem truculentas, estarão comprometendo a própria história. Se forem omissos – o que é grave –, perderão pontos junto ao eleitorado", afirmou.


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