Brasília – Em ano eleitoral, o mês de junho é reservado para as convenções partidárias que definirão os candidatos às disputas de outubro. No caso das eleições presidenciais, os partidos políticos, ao lado dos eventuais aliados, organizam grandes festas para que os postulantes ao Planalto sejam conhecidos. As convenções também delimitam o início informal das campanhas, embora, pela legislação eleitoral, elas só possam começar, de fato, na primeira semana de julho.
Mas, neste ano, as festas partidárias serão ofuscadas pela Copa do Mundo no Brasil. Dificilmente algum brasileiro, além dos filiados e militantes, prestará atenção ao que acontecerá na política ao longo dos 30 dias de realização do mundial. Com isso, os principais candidatos ao Planalto preparam-se para não perder tempo ao longo deste período e, ao mesmo tempo, tentar garantir uma ou outra aparição pública para lembrar aos eleitores quem eles são.
Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff terá o ônus e o bônus de ser a anfitriã da Copa do Mundo. A convenção do PT deve ocorrer no dia 21 de junho, na segunda semana do Mundial e ainda na primeira fase do torneio. O Palácio do Planalto se preocupa com a avaliação quanto às obras de mobilidade urbana, aeroportos e a segurança aos turistas nacionais e estrangeiros que circularão pelo país entre junho e julho. As manifestações contra a Copa realizadas na última quinta-feira deram um alento ao governo. Mas foi insuficiente para desligar o nível de alerta governamental.
Interlocutores da presidente Dilma afirmaram ao Estado de Minas que ela fará questão de verificar in loco a viabilidade das promessas feitas por ela própria quanto à segurança e mobilidade urbana. Aproveitará o fato de que o país vai se tornar ponto de destino de várias autoridades internacionais, que virão ao Brasil acompanhar suas seleções para assegurar que as coisas estão correndo como ela espera que ocorrerão. A primeira-ministra alemã, Angela Merckel, já prometeu assistir a alguns jogos de Schweinsteiger e companhia, uma das seleções favoritas a ganhar a Copa este ano.
Outro que também prometeu vir ao país para acompanhar os dribles de Cristiano Ronaldo é o primeiro ministro português Pedro Passos. Embora com uma seleção que nem de longe figure entre as favoritas, o vice-presidente americano, Joe Biden, também deve aparecer por aqui para reatar as relações diplomáticas com o Brasil, estremecidas após o episódio Edward Snowden. Dilma também fará viagens pelo país para inaugurar obras, já que o calendário eleitoral obriga que tudo seja paralisada durante o período da campanha propriamente dita (entre julho e outubro). Mas os destinos ainda não foram definidos.
Tucanos
Nome crescente nas recentes pesquisas de intenção de voto, o tucano Aécio Neves (MG) marcou a convenção do PSDB para homologar o nome dele para o início de junho, mais precisamente no dia 14, em São Paulo, dois dias depois da estreia do Brasil na Copa, contra a Croácia, no Itaquerão. Pelo calendário eleitoral, os encontros partidários devem ocorrer entre os dias 11 e 30 de junho. “Decidimos definir o nome de Aécio logo no começo do mês para, a partir daí, fazer as convenções que homologarão os nossos nomes aos governos estaduais, culminando com a festa para Geraldo Alckmin (São Paulo) no fim de junho”, explicou o presidente do diretório paulista do PSDB, deputado federal Duarte Nogueira. Ele afirmou que a tendência é que Aécio esteja presente na maior parte das convenções estaduais, para amplificar o discurso da coesão partidária em torno da candidatura presidencial.
Ao contrário do PSDB, o PSB de Eduardo Campos e Marina Silva esticou ao máximo a data da convenção nacional. O encontro dos socialistas com os sonháticos da Rede acontecerá no último fim de semana de junho. “Não temos tanta preocupação com a agenda destes dias porque a legislação só permite campanhas efetivas de rua a partir de 5 de julho”, justificou o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira. “A tendência é que, antes desta data, mantenhamos a tática de reuniões com entidades de classe, associações comerciais e empresários”, acrescentou o socialista. O PSB também aproveitará o mês que vem para, nas palavras de Siqueira, “arredondar” o programa de governo, tarefa que está a cargo do ex-deputado federal Maurício Rands.