Com um discurso de campanha que mira os temas nacionais, faz críticas à “omissão do governo federal” em promover investimentos no estado e ataca a “ineficiência” administrativa do PT, foi lançada nessa segunda-feira, no ginásio do Cruzeiro Esporte Clube, a chapa majoritária do PSDB ao governo de Minas, em evento que reuniu, além do governador Alberto Pinto Coelho (PP) e o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, cerca de quatro mil pessoas entre prefeitos, vereadores, líderes regionais, deputados estaduais, federais e militantes dos 18 partidos que compõem a coligação. Encabeçada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB), foram anunciadas as candidaturas a vice-governador de Dinis Pinheiro (PP), presidente da Assembleia Legislativa, e do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) para a cadeira do Senado.
A retórica discursiva da campanha estadual do PSDB está afinada com a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República: reforça os símbolos de “mineiridade” e dá um tom nacional ao debate dos problemas que afetam o estado. A começar pelo jingle, que recupera a melodia da canção Oh Minas Gerais, apresentado como o “hino da campanha”: faz referência à mudança administrativa promovida por Aécio, que teria levado o estado a crescer “mais do que o Brasil”. A letra assinala que o projeto iniciado com Aécio e que seguiu com Anastasia será continuado por “Alberto, Pimenta e Dinis”.
Enquanto Pimenta e Anastasia enfatizaram a capacidade tucana de gestão e a necessidade de investimentos em infraestrutura, saúde, educação e transporte, com um perfil mais popular e preocupações geralmente associadas à esquerda, Dinis Pinheiro salientou a importância das políticas públicas que atendam às demandas sociais. Muito aplaudido, o candidato a vice declarou em discurso: “O nosso governo será para todos. Não será pautado pela conveniência.
Monstrengo
Dinis Pinheiro criticou a máquina federal por ser excessivamente voltada para a arrecadação, embora incapaz de dar resposta à população com políticas que emancipem o ser humano. “Há uma ânsia desmedida em arrecadar. Quase 40% do PIB brasileiro é em tributos. Esse monstrengo estatal, ineficiente e burocrático, é incapaz de atender às demandas sociais da sofrida população brasileira”, afirmou.
Pimenta da Veiga anunciou que irá fazer mais investimento no policiamento ostensivo, em novas rodovias e no programa de saneamento básico no estado, ao mesmo tempo, destacou a importância de uma parceria entre o governo estadual e federal. “Imaginem que, com o Aécio presidente, vamos nos livrar da omissão e do descaso do governo, que virou as costas para Minas Gerais. É uma parceria política e administrativa, que vai nos permitir fazer um extraordinário governo para Minas”, disse.
Antonio Anastasia foi enfático. “Chega de corrupção, ineficiência e descompromisso”, disse, em referência ao governo federal. “É hora da saúde, da segurança, da educação e do bom transporte. É hora do trabalho firme, é hora de Aécio presidente do Brasil. Minas inteira e o Brasil dizem que vamos ganhar as eleições para presidente e para governador”, acrescentou.
Na mesma linha, o presidenciável Aécio Neves, último a discursar, afirmou que Minas Gerais está ao lado da “ética, seriedade e trabalho” e que sua eleição para presidente significará o fim do “nefasto aparelhamento da máquina pública”.
Propaganda focará Minas
O ex-governador Antonio Anastasia tem passado a maior parte do tempo em São Paulo trabalhando na elaboração das principais diretrizes da plataforma de campanha do senador Aécio Neves (PSDB), candidato ao Palácio do Planalto. A tarefa irá se estender por mais um mês e meio. Segundo Anastasia, após a Copa do Mundo, ele se dedicará inteiramente à sua campanha ao Senado, percorrendo o estado ao lado do candidato tucano ao governo, Pimenta da Veiga, e do vice, Dinis Pinheiro (PP).
Segundo Aécio, Minas Gerais estará no centro de sua propaganda política. “Vamos apresentar os resultados na habitação, nas parcerias com o setor privado, na avaliação por desempenho de vários setores do governo, que podem servir de exemplo para um governo que substitua o nefasto aparelhamento da máquina pública”, disse, em referência ao governo do PT.
Indagado sobre o leque de partidos com que firmará coligação para concorrer ao Palácio do Planalto, Aécio afirmou que as alianças nos estados não seguem a lógica das nacionais. “Sábado que vem estarei em Porto Alegre recebendo apoio do PP”, disse, em referência ao fato de o PP estar na base do governo federal, mas, em Minas, assim como no Rio Grande do Sul, estar no campo tucano.
Perguntado ainda sobre a possibilidade de ter como candidato a vice-presidente Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no governo do petista Lula, Aécio considerou a possibilidade, caso o PSD não apoie a presidente Dilma Rousseff (PT): “Cabe a mim respeitar e aguardar que as coisas avancem. Meirelles é um nome extremamente qualificado, mas seu partido tem compromisso com a presidente Dilma”.