“Não considero a presidente responsável pela compra de Pasadena. A responsabilidade é da diretoria e do Conselho de Administração, porque passou por todos os procedimentos internos da Petrobras. Foi um processo de decisão coletivo”, disse Gabrielli, depois de afirmar que Dilma é “uma profissional e uma gerente de extrema competência”.
Em abril, Gabrielli havia dito, ao jornal O Estado de S.Paulo, que Dilma não poderia “fugir da responsabilidade dela” na compra de Pasadena. A afirmação foi uma resposta à declaração da presidente de que se baseou em um documento “falho” ao votar pela aprovação do negócio, quando era presidente do Conselho de Administração, em 2006.
Em clima descontraído, com espaço até para piadinhas, o depoimento de Gabrielli acabou servindo de ensaio do discurso articulado pelo governo para a CPI Mista da Petrobras, que deve ser instalada hoje, com senadores e deputados. A oposição pretende convocá-lo novamente para falar sobre o caso. O mesmo deve ocorrer com Nestor Cerveró, autor do documento que baseou a compra da refinaria em 2006, que fala amanhã na CPI do Senado.
Ainda no depoimento, Gabrielli defendeu a compra da unidade de Pasadena. “Era bom quando foi adquirido.
Em menos de uma hora, incluindo a exposição inicial de 20 minutos, Gabrielli respondeu as primeiras 76 perguntas feitas pelo relator José Pimentel (PT-CE). No total, foram cerca de 200 questões em aproximadamente 3h15 de oitiva. O único integrante da oposição – indicado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) – disse que se negou a participar da “farsa governista” na CPI porque o plano de trabalho e as perguntas foram previamente acertadas com Gabrielli. “Foi um acerto entre amigos. Eles que façam o que quiserem nesta CPI. Preferimos participar da CPI mista porque lá somos sete vozes, além dos dissidentes da base, e teremos realmente condições de investigar as denúncias contra a Petrobras”, disse o senador Cyro Miranda (PSDB-GO).
Integrantes da CPI e o próprio Gabrielli não concordaram com a avaliação de que a sessão tenha sido tão camarada assim com o depoente.
Num ambiente favorável – ele se negou a depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara na semana passada –, Gabrielli estava descontraído e sorridente. Coube ao senador Aníbal Diniz (PT-AC) levantar a bola para que ele acusasse a oposição de estar atacando a Petrobras para atender a especuladores. Esse tem sido um discurso recorrente entre os petistas. “A quem interessa reduzir o valor da Petrobras?”, perguntou Diniz. “Eu diria, primeiro, que os especuladores adoram a oscilação das ações da Petrobras. É um volume enorme, com uma variação extraordinária”, respondeu Gabrielli.